sábado, 30 de abril de 2022

1987 - ANO QUINZE

 


1º CONGRESSO PORTUGUÊS DE ILUSIONISMO E MAIS...

Rebaptizado com o nome de Congresso, realizou-se mais um Festival Mágico da Figueira da Foz em que estive presente como convidado. E, por insistência do Fausto Caniceiro, o HELDER também fez uma actuação.

Dado que a minha colaboração regular no programa "Às Dez" havia terminado em 23 de Março, a fim de promover o Congresso, estive presente nesse programa, em 28 de Setembro, tendo realizado uma breve actuação.

Deste Congresso retenho as interessantes conferências de DAVIDE COSTI e TONY CACHADIÑA.

Entre as diversas actuações realizadas ao longo do ano recordo as que fiz a bordo do navio de cruzeiro DMITRIY SHOSTAKOVICH, contratado pela Agência Abreu, pois foi a primeira vez que integrei o staff de animação de um cruzeiro. E esta experiência, que viria a repetir nos anos seguintes, permitiu-me chegar a uma conclusão que irei partilhar aqui e agora.

Sempre foi tido como boa prática que, ao criar um programa para uma actuação mágica, se deveria iniciar tal programa com um efeito pouco demorado que pudesse conquistar o público antes dele se alhear da actuação e, portanto, se desinteressar da prestação do actuante. Ora, na animação de um cruzeiro, o mágico é chamado a actuar por diversas vezes (em dias diferentes) para um mesmo público. Isso implica que, ao realizar a primeira actuação, o mágico tenha que prender o público deste o primeiro efeito mágico que apresenta, mas, a partir daí, tem a vida "facilitada", pois, tendo ganho o seu público nessa primeira actuação, poderá, nas actuações subsequentes, iniciar com efeitos mais demorados, pois a atenção e interesse do (mesmo) público está assegurada.

NOTA DE RODAPÉ

Nota de sinal + : A integração na animação de cruzeiros.

domingo, 24 de abril de 2022

1986 - ANO CATORZE (Parte 2)

 

PRESENÇA NA RTP

Neste ano continuou a minha presença semanal nos ecrãs da RTP 1 com a rubrica "Momento de Magia" que integrava o programa da manhã. Em 7 de Outubro deste ano foi emitido o último episódio desta 1ª série, o qual, seguidamente, apresento com a qualidade possível fruto da gravação caseira original estar numa videocassete Betamax.

No entanto o hiato para o início da 2ª série da rubrica "Momento de Magia" foi, apenas, um mês, pois em 9 de Outubro foi emitido o 1º episódio da 2ª série, o qual apresento a seguir.

Esta minha presença semanal nos ecrãs da RTP foi a grande responsável para se verificar, no final do ano, a estreia do meu filho HELDER como mágico. Eu explico... Os responsáveis pelo infantário "O Petiz", que o Helder frequentava, ao aperceberem-se que eu era mágico questionaram o meu filho se ele não poderia pedir ao pai que lhe "ensinasse uns truques" para apresentar aos colegas na festinha de Natal que iam realizar. E foi assim que o Helder foi "empurrado" para ser mágico.

Fruto da boa relação que tinha com o Centro de Produção da RTP do Monte da Virgem, também fui convidado a participar num outro programa de entretenimento: o Programa ABZ. Seguidamente podem ver a minha intervenção que ocorreu no programa emitido em 13 de Dezembro.



A MAGIA TAMBÉM É CULTURA

Em Novembro deste ano tive a possibilidade de apreciar, no Auditório Nacional Carlos Alberto (Porto), JACQUES DELORD, um mágico muito conceituado em França fruto do seu empenho na divulgação da Arte Mágica com a sua série de três livros de iniciação ao Ilusionismo ("Sois le magicien", "Sois l'enchanteur" e "L'eternel magicien") publicados no início da década de 70 e com a série televisiva "Les Ateliers du Magicien". 

Ainda hoje eu recomendo a leitura desses livros como sendo uma boa forma de iniciação à Magia e uma alternativa muito mais valiosa do que a maioria das caixas de magia que proliferam nos escaparates das lojas de brinquedos.

Mas a principal razão de eu me lembrar de JACQUES DELORD (que eu já conhecia da leitura dos seus livros) é o facto do seu espectáculo "NUIT DE LA MAGIE"  estar integrado num programa cultural proporcionado pelo Institut Français durante o mês de Novembro, que incluiu exposições de fotografia, projecções de filmes e um recital de piano. Ora isto foi em 1986... Será que, passados 35 anos, haverá, em Portugal, algum programador cultural que se lembre de incluir o Ilusionismo num qualquer evento que pretenda divulgar a nossa cultura além-fronteiras?

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : A participação no Festival da Figueira da Foz.
Nota de sinal + : Ter "aberto a porta" da RTP-Porto à presença regular de Magia nos seus programas.
Nota de sinal + : Perceber que a ideia do Ilusionismo ser cultura não era uma "maluquice" minha.


sábado, 23 de abril de 2022

1986 - ANO CATORZE (Parte 1)

 


7º FESTIVAL MÁGICO DA FIGUEIRA

Neste festival estive, simultaneamente, como concorrente e actuante convidado. Naturalmente que a rotina que apresentei na disciplina de Manipulação foi totalmente diferente daquela que apresentei, como convidado, numa das galas de palco. E obtive, no concurso dessa modalidade, o 2º lugar.

Também me apresentei, a concurso, nas modalidades de Micromagia e Cartomagia, obtendo, em cada uma delas o 2º lugar. Em Micromagia este prémio (2º) foi partilhado ex aequo com o mágico que, em 1972, me deixara de queixo caído precisamente com uma rotina de Micromagia: JOFERK.

Este festival permitiu-me, ainda, apreciar a excelente actuação de rua de DONALD "Malo, El Malíssimo", bem como a respectiva conferência sobre tal tipo de magia.

A presença da RTP na Figueira da Foz, para gravar o festival, teve uma pequena influência minha que irei, seguidamente, detalhar.

Naquele tempo, os apoios aos festivais de magia eram reduzidos, pelo que, a presença da televisão (com o correspondente pagamento de cachet) se afigurava de primordial importância para o orçamento da organização. Por isso o Fausto Caniceiro convidou a RTP a deslocar-se à Figueira da Foz e gravar o Festival.

Ora, numa das minhas deslocações aos Estúdios RTP do Monte da Virgem, para gravar alguns episódios da rubrica "Momento de Magia" fui abordado pelo então Director de Programas da RTP-Porto (Sr. Elísio Oliveira) no sentido de colher a minha opinião sobre uma eventual anuência da RTP ao convite do Fausto Caniceiro.

Apesar da minha opinião favorável, o Sr. Elísio Oliveira manteve-se bastante céptico a esse respeito, argumentando com uma experiência num anterior Festival da Figueira que havia redundado em fracasso, pois "os espectáculos de gala do Festival não tinham ritmo" (sic).

Ao sair dessa breve reunião fiquei com a impressão que dificilmente haveria gravações da RTP no Festival. Preocupado com a situação, pois entendia que o Ilusionismo português carecia da máxima divulgação, fui repensando no assunto, procurando uma solução capaz de ultrapassar as compreensíveis reservas do Sr. Elísio Oliveira.

Nessa noite surgiu-me uma ideia de formato para um programa de televisão sobre o Festival, o qual ultrapassava os inconvenientes que o Director de Programas da RTP-Porto me havia referido. No dia seguinte, solicitei uma reunião com ele e apresentei-lhe a minha ideia. E consegui desbloquear a situação pois, logo ali, ficou decidido que a RTP iria estar presente para gravar o Festival e adoptaria para a respectiva emissão o formato que eu propusera.

O formato proposto (e aceite) foi o seguinte: os melhores momentos das diversas gravações efectuadas durante o Festival seriam agrupados em blocos, os quais eram apresentados por um actor interpretando textos apropriados ao tipo de Magia do bloco que se iria seguir. Fiquei, desde logo, encarregado de elaborar tais textos. De igual forma, providenciei algum material para que o actor contratado (Alexandre Falcão) pudesse apresentar breves gags mágicos.

O programa viria a ser transmitido na quadra natalícia desse ano. Seguidamente, apresento, um compacto das minhas diversas intervenções no mesmo.

Um outro evento mágico em que estive presente foi o SIMPÓSIO MAGIARTE - 86.

Amanhã haverá novo post relativo a 1986.


domingo, 17 de abril de 2022

1985 - ANO TREZE (Parte 2)

 

UMA ACTUAÇÃO MUITO PECULIAR

Em Julho deste ano recebi o pedido para uma "borla", ao qual nunca poderia responder com um não. Tratou-se dum pedido do bom amigo Manuel da Costa (MACOS) que sendo, à data, proprietário de uma loja no Centro Comercial Dallas se vira confrontado com o pedido de um outro comerciante do mesmo centro. E o pedido que lhe foi feito foi o de integrar um espectáculo de homenagem ao Duo Ouro Negro que iria ser levado a cabo no Restaurante Panorâmico do Centro Comercial Dallas, apresentando alguns truques.

Ora sendo o Sr. Manuel da Costa uma pessoa extrovertida e sempre brincalhona com os seus pequenos truques mágicos, normalmente, não se sentia muito à vontade quando era solicitado para uma actuação mais formal e, por isso, "passava a bola a outro". Foi esse o contexto do pedido que me foi feito para integrar o espectáculo da "tal" homenagem ao Duo Ouro Negro. Quem, de igual forma, foi "cravado" pelo Sr. Costa foi o OLIMACK.

A dita homenagem ao Duo Ouro Negro até fazia algum sentido, pois um dos elementos do duo (Milo) havia falecido a 4 de Abril desse ano, "obrigando" o outro elemento (Raul Indipwo) a ter uma carreira a solo. Mas a homenagem que eu vi foi um espectáculo num restaurante em que os presentes pagavam uma certa quantia para a ele poderem assistir. Nesse espectáculo actuaram Raul Indipwo e Os Irmãos Verdades. 

E agora perguntam os leitores: " E o que aconteceu aos mágicos?"

E eu respondo: Os mágicos também actuaram... mas no intervalo do espectáculo! 

Sim, leram bem, pois tudo se passou conforme irei relatar. A certa altura, para dar descanso aos artistas (os músicos, claro) foi anunciado um intervalo para lhes permitir comer e beber algo. E só passado um pouco é que foram anunciadas as actuações dos mágicos para preencher o tal intervalo. 

Claro que o Sr. Manuel da Costa não teve qualquer responsabilidade no sucedido. Ele foi o primeiro a ser "enganado" em todo o processo. Esta situação, aliada às más condições de preparação e ao facto do Sr. Manuel da Costa até ter que pagar a cerveja que bebi, levou-me, daí em diante, a ser muito mais escrutinador perante solicitações de "borlas".


O CONCURSO DO SOLO MIO

Em Setembro deste ano participei no "Concurso Novos Talentos" promovido, em Lisboa, pelo Bar-Concerto Solo Mio com patrocínio do "Se7e" e da "Rádio Comercial". A minha participação em tal concurso aconteceu por um feliz acaso. Sendo leitor do "Se7e", ao tomar conhecimento de tal concurso e sabendo que nas datas das eliminatórias estaria a trabalhar em Lisboa, decidi inscrever-me apenas com o objectivo de ajudar a implantar o Ilusionismo como forma de entretenimento em ambientes que, por norma, apenas "tinham olhos" para o entretenimento musical.

Depois de ser apurado para a final tive que "investir" 2 dias de férias para poder participar na mesma. Mas foi um bom investimento pois obtive, entre os 72 inscritos no concurso, o 1º Prémio ex aequo com mais três concorrentes. Um deles, o actor João Santos, é nem mais nem mesmo que o conhecido actor e apresentador de TV João Baião.

Em Novembro voltei a actuar em Lisboa, desta vez na qualidade de convidado  da Convenção API-85, tendo realizado actuações de Palco e Close-up.


MOMENTO DE MAGIA (RTP 1)

Em 27 de Dezembro foi a emitida a minha primeira colaboração regular no programa da manhã da RTP 1 (Espaço 12/13). Esta primeira série de rubricas designada "Momento de Magia" foi constituída por um total de 39 episódios, o último dos quais foi emitido em 7 de Outubro de 1986. Aqui vos deixo o primeiro desses 39 episódios com a qualidade possível de uma digitalização feita a partir de uma velhinha videocassete Betamax.


NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : A FISM de Madrid.
Nota de sinal + : Obter o 1º prémio num concurso fora do ambiente mágico.
Nota de sinal + : O início da rubrica "Momento de Magia".
Nota de sinal - : O "chico-espertismo" de alguns organizadores de "homenagens"...

sábado, 16 de abril de 2022

1985 - ANO TREZE (Parte 1)

 


A FISM... AQUI TÃO PERTO!

O ano de 1985 propiciou-me uma FISM em Madrid, que, na época, pensei ser a mais próxima de casa a que, alguma vez, teria possibilidade de assistir, pois estava a léguas de imaginar que ainda iria poder assistir a uma FISM no nosso país. Naturalmente que a proximidade do local da FISM relativamente a Portugal, permitiu que o contingente português fosse mais numeroso do que o habitual.

Nas galas de palco tive oportunidade de assistir a excelentes actuações de FINN JON, THE PENDRAGONS, VITO LUPO, GAETAN BLOOM, ARSÈNE LUPIN, PETRICK AND MIA, MARK METRAL (excelente ventríloquo), JEFF McBRIDE e OTTO WESSELY. Para quem não conhece o género de magia praticado por OTTO WESSELY aqui deixo um exemplo:

Para a sua entrada em palco OTTO WESSELY gizou um excelente gag, o qual só é possível ser criado num grande congresso mágico como a FISM. Ao ser anunciado o seu nome, entraram em palco dois mágicos  (RICHARD ROSS e LANCE BURTON) que já haviam obtido o Grande Prémio FISM estendendo uma passadeira de pétalas de rosa para a entrada do "Artista". E quando toda a gente ria a bom rir, pensando que o gag era só isto, eis que entrou DAI VERNON a prestar idêntica homenagem ao "Artista". Para mágicos foi um momento único e inesquecível.

Para mim também foi "inesquecível" a actuação de BOB BROWN AND BRENDA. Desta vez não apresentaram a excelente levitação que já havia apreciado numa anterior FISM, mas sim uma sequência de truques clássicos sem ponta de originalidade, levando-me a pensar que, se aquele acto fosse apresentado em concurso, provavelmente seria classificado como "below FISM level". Também me ficou na memória, por maus motivos, a actuação de FLIP, artista que já apreciara na FISM de Paris. Só que, desta vez, FLIP esteve lento e sem ritmo, o que redundou numa intervenção que merece o qualificativo de... "muito chata".

A Gala de Close-up  deu uma imagem da força daquele género de Magia em Espanha ao apresentar ARTURO DE ASCANIO, JUAN TAMARIZ, CAMILO VASQUEZ e PEPE CARROL. Irrepetível.

As conferências de MAX MAVEN, MAGIC CHRISTIAN, MICHAEL AMMAR,  PETRICK AND MIA e TOMMY WONDER foram aquelas em que mais ensinamentos novos consegui colher. As notas de conferência de TOMMY WONDER foram um verdadeiro hino à forma de orientar os mágicos no caminho certo. Apesar de ter apresentado e explicado algumas das suas criações mágicas, TOMMY WONDER quis deixar a mensagem sobre a necessidade de ler (bons) livros. Por isso as notas de conferência eram uma simples folha de papel vermelho em que referia os livros onde aprendera tudo o que sabia. Essa simples folha vermelha custava  1500 pesetas e quem a adquirisse teria direito à oferta de um pequeno opúsculo, onde estavam explicados todos os truques que havia demonstrado.

Relativamente aos concorrentes de palco, fiquei muito bem impressionado com as actuações de MAHKA TENDO, DAVIDO, SELIM, SCOTT CERVINE (que, na altura, me pareceu merecer mais do que o 3º lugar em Magia Geral que lhe foi outorgado) e JAVIER AND ANA (que obtiveram o Grande Prémio e cuja rotina pode ser apreciada mais abaixo). Em palco também pude apreciar a actuação de um português: SERIP. Nos concursos de mesa saliento as intervenções de FERNANDO KEOPS, MICHAEL WEBER, JOHN CORNELIUS e PAUL GERTNER.

Quem consultar o programa desta FISM, verá que o meu nome consta na lista de concorrentes na disciplina de Cartomagia. Na realidade, inscrevi-me para participar em tal concurso, mas uma arreliadora lesão num dedo da mão direita criou atrasos na preparação e treino da rotina que estava a preparar. Por tal motivo comuniquei à organização a minha desistência do concurso, mas, pelos vistos, tal comunicação não foi suficientemente atempada.

Claro que uma FISM realizada em Espanha teria que incluir, no seu programa social, uma tourada... E incluiu! Não foi propriamente uma tourada, mas sim uma garraiada onde alguns espontâneos puderam dar asas ao seu espírito corajoso e enfrentar os novilhos para gáudio dos restantes congressistas presentes nas bancadas. Depois da garraiada seguiu-se uma visita a Aranjuez. Mais tarde voltou-se à Praça de Touros, agora transformada em "Salão de Banquete", para um agradável jantar complementado com o indispensável show de flamenco.

E como há mais memórias deste ano, amanhã haverá novo post.


sábado, 9 de abril de 2022

1984 - ANO DOZE

 

A MAGIA NA RTP . . .

Em 8 de Março de 1984 foi, finalmente, exibido na RTP 2 o episódio do programa "Nocturno" que incluía a minha participação como convidado. E sublinho "finalmente" pois o mesmo havia sido gravado, nos estúdios da RTP do Monte da Virgem em 18 de Agosto de 1983. Esse programa, além da actuação propriamente dita, também incluiu uma breve entrevista feita no camarim. Aqui está uma parte dela, com a qualidade possível, pois originalmente a gravação foi efectuada num gravador Betamax.

E aqui está a actuação feita nesse mesmo programa.

Na programação da RTP das tardes de domingo existia o programa de entretenimento chamado "A Festa Continua" que era apresentado por Júlio Isidro. Era normal esse programa escolher, em cada semana, um tema diferente para moldar o guião do programa e escolher o respectivos convidados. Por isso, quanto foi anunciado que o programa "A Festa Continua" do dia 15 de Abril seria dedicado ao Ilusionismo, fiquei entusiasmado com a perspectiva de assistir a exibições de bons mágicos. Infelizmente tal não aconteceu e o programa foi uma autêntica "palhaçada" (no mau sentido).

Nessa altura um grupo de ilusionistas (Eng. António Cândido, JOFERK, UL-DE-KAR, ZÉPI, JOMAGUY e FERKAR) havia formado um "Círculo Mágico" com o intuito de desenvolver trabalho de pesquisa na área da Magia de Close-up. Éramos todos sócios do CIF, mas o funcionamento do "Círculo Mágico" não se integrava na programação das actividades do CIF. Perante a abordagem que havia sido dada à nossa Arte, o "Círculo Mágico" escreveu a Júlio Isidro uma carta a repudiar a mesma. 

Dessa carta foi dado conhecimento ao Conselho de Gerência da RTP, às entidades mágicas portuguesas e a diversos orgãos de comunicação social e nela se escreveu o seguinte:

"De facto, o senhor, no seu programa, serviu-se do Ilusionismo sem, minimamente, ter servido o Ilusionismo e uma Arte não deve ser vilipendiada de tal forma. Não! Não se trata de falta de humor da nossa parte, pois até encaramos como lógicas as brincadeiras que, sobre o Ilusionismo, decidiu apresentar; mas, simplesmente, entendemos que, a par dessas brincadeiras, deveria privilegiar a apresentação de Ilusionismo (do autêntico) em prejuízo, por exemplo, da Música, o que seria, naturalmente, um benefício para o contexto do programa. Mas nem uma só apresentação de um ilusionista houve!... E porquê? Naturalmente, só o senhor o saberá... Mas o seu arrojo foi mais longe, utilizando aparelhos de Ilusionismo "para fazer uns truques", revelando, por vezes, devido à sua falta de preparação (perfeitamente adequada a um espectáculo inter-sócios de uma colectividade da província), a forma de os executar.
Por tudo o que atrás expomos, queremos manifestar-lhe o nosso mais profundo repúdio, como ilusionistas e como portugueses espectadores de televisão dos anos 80.
O resultado de formas de agir como a sua (enquanto responsável de “A Festa Continua") é traduzido pelo facto do Ilusionismo, ainda hoje, ser considerado como "arte menor", em Portugal, enquanto, em muitos outros países, já atingiu a maioridade."
(sic)


Nós não fomos os únicos a levantar a voz contra tal "palhaçada". O mesmo fez JÓNIO na sua colaboração nas páginas da folha informativa de "HORTINY MÃOS MÁGICAS ESTÚDIO". Seguidamente apresento, com a devida vénia, a reprodução de tal escrito.


Felizmente a RTP viria, ainda em 1984, a dar um tratamento bem diferente à Arte Mágica pela mão de Carlos Cruz no concurso "Um, Dois, Três" transmitido em 20 de Novembro. Aí tivemos a oportunidade de ver as mais diversificadas actuações de mágicos portugueses (JODIVIL E MARGOT, SERAVAT, DIOGO, MARIA JOÃO TAVARES, FRED ALAN e PAULO VILHENA) e uma paródia ao Ilusionismo feita com mestria pelo saudoso actor Carlos Miguel "Fininho". Claro que o facto da produção do programa ter tido, como assessor, um mágico profundamente conhecedor (JODIVIL) muito ajudou a não cair na tentação de apresentar uma "palhaçada" similar à de "A Festa Continua". Pena foi que a demora nas gravações "provocasse" num dos números a necessidade, na edição, de abusar na inclusão de imagens do público.

Aqui se relembra a intervenção do "Fininho".


. . .  E O RESTO

O MagicPorto CIF 84 permitiu-me voltar a apreciar uma conferência de CAMILO VASQUEZ. É curioso verificar que há mágicos cujas conferências sempre nos proporcionam novos ensinamentos, mesmo quando a elas já havíamos assistido anteriormente. CAMILO VASQUEZ é um deles. Também estive presente na Convenção API  que se revelou uma excelente jornada de convívio com boa Magia.

Em termos de novas aprendizagens também quero referir os livrinhos "Los Cinco Puntos Mágicos" (de JUAN TAMARIZ) e "Psicologia del Empalme" (de ARTURO DE ASCANIO), os quais, sendo "livrinhos" no que se refere à respectiva envergadura física, poderão ser considerados "grandes tratados" sobre as matérias que abordam.


Neste ano continuei a diversificar os locais das minhas actuações, procurando, sempre que possível,  divulgar a Magia de Close-up com intervenções de tal género mágico, como foi o caso da "Discoteca Pub Gatsby". E claro, quando se tem um nome artístico do género "JOMAGUY", corre-se sempre o risco de o ver escrito das maneiras mais variadas.

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : A série de programas "Nocturno" (RTP 2) e o "Concurso Um, Dois, Três" (RTP 1) que proporcionaram aos telespectadores diversas actuações de mágicos.
Nota de sinal - : O programa "A Festa Continua" dedicado ao Ilusionismo.

sábado, 2 de abril de 2022

1983 - ANO ONZE

 

VIRADO PARA A MAGIA DE CLOSE-UP

Foi no "MagicPorto CIF 83" que tive oportunidade de assistir à excelente conferência de PEPE CARROLL. E como, em termos mágicos, o meu interesse pela Magia de Close-up (nessa época ainda não tinha introduzido o termo Magia de Proximidade) era cada vez maior, as respectivas notas de conferência "Efeitos Y Presentaciones" foram avidamente lidas e relidas. A par deste pequeno, mas importante, livrinho, devo registar a aquisição de dois livros que muito contribuíram para o enriquecimento da minha cultura mágica: "Magic & Showmanship" (de Henning Nelms) e "The Topit Book" (de Michael Ammar).

O reconhecimento, no meio mágico, relativamente à minha dedicação à Magia de Close-up, era sobejamente conhecido. Por isso não me admirou ter sido convidado para realizar uma actuação desse tipo na Convenção API-83.

Mas a minha vontade era também fazer chegar a Magia de Close-up a um público leigo mais alargado do que aquele que, habitualmente, frequentava as galas de close-up dos festivais de magia. Tal objectivo levou-me a realizar actuações em casas de fado. O típico modo de funcionamento de uma casa de fado pareceu-me apropriado a tal, pois, nos intervalos das actuações dos diversos fadistas, eu abordava uma das mesas e apresentava algumas rotinas de close-up. 

Com sinceridade, posso dizer que houve boa receptividade pela grande maioria das pessoas abordadas nos moldes descritos. Uma medida dessa boa aceitação foi o facto de, por diversas vezes, me tentarem gratificar no final da minha actuação. Como eu estava contratado pela gerência da casa, sempre declinei o recebimento de tais gratificações. A única vez em que fui "obrigado" a aceitar tal tipo de gorjeta aconteceu quando a mesma me foi entregue, no final da noite, pelo gerente da casa de fado que a havia recebido de um cliente no acto de pagamento. 

Por outro lado houve pouca receptividade empresarial para inovar, ou seja, os gerentes das duas casas de fado em que realizei tais actuações (no total foram 36 noites) entenderam que não se justificava o custo acrescido da presença de um mágico a animar com close-up os respectivos clientes. Na minha óptica houve falta de visão para apostar na inovação e criar um elemento de diferenciação que, julgo eu, poderia trazer benefícios a longo prazo.

Mas não é a introdução da Magia de Close-up em casas de fado a marca mais forte nas minhas memórias deste ano. Essa é constituída pela minha intervenção, precisamente com Magia de Close-up, num programa de televisão transmitido em prime time: "O Foguete". Terá sido esta a primeira vez que uma actuação de magia de close-up mereceu tal "distinção" na televisão portuguesa? Pessoalmente não tenho a certeza, mas também não tenho conhecimento de nenhuma outra anterior a 17 de Setembro de 1993. E, enquanto não tiver tal evidência, permito-me o devaneio de pensar que fui, em tal matéria, pioneiro. 

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : A presença da Magia de Close-up num programa de TV em prime time.
Nota de sinal + : A presença da Magia de Close-up em casas de fado.