FALECIMENTO DE FERNANDO COIMBRA "JOFERK"
Para mim este ano ficou marcado negativamente por este infausto acontecimento: o falecimento daquele que havia sido o meu MESTRE, quando eu dava os primeiros passos na prática do Ilusionismo. Seguidamente reproduzo o post que coloquei no Facebook no dia do seu falecimento (19 de Março).
FALECEU FERNANDO COIMBRA “JOFERK”
A notícia apareceu-me de chofre num post partilhado no Facebook: faleceu José Fernando Coimbra... Nunca ninguém está preparado para a partida de um amigo com quem se partilhou tantos e tantos momentos mágicos!
Na minha opinião, o Coimbra foi o ilusionista nortenho de mais relevo da sua geração. O seu “savoir-faire” e o seu talento inato para a magia mereceram, sempre, uma quase unanimidade elogiosa por parte dos seus confrades mágicos de norte a sul do país. E a sua vontade de ajudar os “aspirantes a mágicos” que apareciam foi, sempre, inexcedível. Por vezes prejudicava-se a si próprio para ajudar os outros. Grande HOMEM... Mais ainda do que grande MÁGICO!
E o Coimbra nunca reivindicava para si próprio os louros das iniciativas que liderava ou das ideias que lançava para outros brilharem. O Coimbra pode mesmo ser considerado primeiro responsável por haver, em toda a história da FISM, um Campeão Mundial de Magia de nacionalidade portuguesa. De facto, se o Coimbra não me tivesse incutido o gosto pela magia de proximidade, nomeadamente pelos truques com cartas, eu nunca teria podido transmitir tal gosto ao meu filho. Seguidamente transcrevo alguns excertos do meu livrinho “25 ANOS MAGICANDO...”, nos quais é possível ter uma noção da importância que sempre atribuí ao MESTRE JOFERK.
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Creio que não falhei a presença num único desses espectáculos [Pica-Pau], [...]. Foi, nesse programa, que adoptei o meu primeiro ídolo no âmbito do Ilusionismo. Adivinham de quem se tratava? Se responderam JOFERK, acertaram.
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Esse espectáculo que, inicialmente, estava previsto ser integrado, apenas, por artistas amadores principiantes, acabou por registar a presença de vários artistas consagrados, entre os quais aquele ilusionista que era o meu ídolo: JOFERK. Imaginem os sentimentos contraditórios que então me assaltaram: por um lado o júbilo de ir conhecer, pessoalmente, aquele mágico que considerava como modelo de referência e por outro lado o receio de ver a minha actuação menos apreciada ao estar sujeita a comparação com tão excelente ilusionista.
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Como era habitual no final de tal tipo de espectáculo houve um convívio entre os artistas intervenientes e foi aí que me apaixonei pelo... close-up. Foi decididamente um caso de amor à primeira vista fruto de uma impecável exibição informal de JOFERK, de que ainda recordo o “Chop Cup” e a “Carta Polaroid”. O que aí presenciei em cartomagia nada tinha a ver com os enfadonhos truques de cartas que, até essa altura, se haviam cruzado comigo nas minhas leituras mágicas. Também o JOFERK me convidou a aparecer no CIF, depois de passar o Verão.
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A partir do último trimestre de 1972, sempre que os estudos permitiam, aparecia nos Fenianos e na respectiva filial de Mouzinho da Silveira: A Fogueira das Meias. Atravessei uma fase de descoberta do Ilusionismo e aprendizagem constante em que o contributo do Coimbra foi, como sempre reconheci, fundamental.
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A partir de hoje, com a partida do Coimbra, a Magia portuguesa fica, irremediavelmente, mais pobre.
PAZ À SUA ALMA.
Como se pode perceber, o meu percurso mágico seria totalmente diferente caso não tivesse tido a felicidade de me cruzar com o Coimbra no dia 20 de Maio de 1972. Disso mesmo dei conta neste post do blogue NOV@M@GI@.
Por tudo o que fez pela Magia em Portugal JOFERK merecia estar perpetuado nas páginas da Wikipédia. Foi precisamente isso que tentei fazer quando se completou um ano sobre a sua morte. Infelizmente a Wikipédia não me permitiu fazê-lo conforme relato aqui. Por tal motivo explanei neste post o conteúdo com o qual pretendia dar início à pagina JOFERK na Wikipédia.
Em 1997 JOFERK teve (com todo o merecimento) direito à publicação de um dossier na revista "O Mágico". Participei nesse dossier com o texto que pode ser lido aqui.
THE PRESENT
Tendo terminado a temporada de INVISIBLE TANGO em Los Angeles (GEFFEN PLAYHOUSE), HELDER GUIMARÃES preparava-se para estudar a hipótese de outras cidades americanas para apresentar tal espectáculo quando foi surpreendido pela pandemia COVID-19. Mas HELDER foi capaz de reagir em tempo útil e criou o espectáculo virtual THE PRESENT, transmitido via Zoom.
E como recebi, atempadamente, a "caixinha mágica", pude assistir a mais um espectáculo do meu filho, sem necessidade de uma longa viagem até aos Estados Unidos.
Este espectáculo foi um êxito, conforme notícia publicada em 2 de Junho, que pode ser lida aqui. Naturalmente que, ao constatarem o êxito do formato criado por HELDER GUIMARÃES, diversos mágicos, em várias partes do mundo, copiaram o mesmo. Um dos que o fez foi LUÍS DE MATOS e disso é dado conta neste post de NOV@M@GI@.
O êxito das "sessões normais" do espectáculo THE PRESENT, que tinham uma audiência limitada a 25 lares, conduziu a uma sessão extraordinária final com 6250 lares ligados! A notícia completa pode ser lida aqui.
A Associação Portuguesa de Ilusionismo esteve atenta a este êxito de HELDER GUIMARÃES e galardoou-o com o Troféu API 2020, o qual se foi juntar a idêntico galardão ganho em 2006.
NOTAS DE RODAPÉ
Nota de sinal + : O espectáculo (via Zoom) THE PRESENT.
Nota de sinal + : O Troféu API 2020 atribuído a HELDER GUIMARÃES.
Nota de sinal - : O falecimento de JOFERK.