sábado, 26 de março de 2022

1982 - ANO DEZ (Parte 1)

 


6º FESTIVAL MÁGICO DA FIGUEIRA DA FOZ

Nesta edição do Festival Mágico da Figueira da Foz fui convidado a proferir uma conferência e, por isso, tive direito a fotografia no programa, a qual foi acompanhada por alguns dados biográficos. Foi a minha primeira conferência para mágicos e seguiu a linha mais habitual das conferências que tinha visto até então: apresentação de efeitos mágicos, os quais eram, posteriormente, explicados. Procurei apresentar apenas efeitos nos quais eu tinha introduzido melhoramentos nas respectivas apresentação e execução técnica, fugindo daquilo que já tinha visto fazer em algumas conferências: a apresentação e explicação tout court de truques já publicados por outros mágicos.


No final da conferência, a par da venda das respectivas notas, também vendi quatro truques de cartas de minha autoria, que havia fabricado. Um deles ("Aros chinos") ainda hoje integra o meu repertório de Magia de Proximidade. 

Além de conferencista convidado também participei neste Festival como concorrente naquelas modalidades em que, nos últimos tempos, passara a centrar a minha atenção e o meu estudo: Cartomagia e Micromagia. Em Cartomagia obtive o 2º Prémio (Ex-aequo com SAVIL) e em Micromagia obtive o 1ºPrémio.

Mas uma das memórias mais fortes deste Festival foi a excelente conferência de TOMMY WONDER (que havia sido 2º Prémio de Magia Geral na FISM Bruxelas) e a possibilidade de privar com ele, bebendo ensinamentos de um dos maiores pensadores mágicos que tive a felicidade de conhecer pessoalmente. Infelizmente TOMMY WONDER faleceu prematuramente em 2006 (com 52 anos de idade) e, nesse mesmo ano, a FISM atribuiu-lhe, a título póstumo um mais que merecido galardão: o Theory and Philosophy Award. Hoje esse troféu é uma das jóias da minha pequena colecção.


A VISITA AO CLAM

Por motivos profissionais em Julho de 1981 e Junho de 1982 estive em Milão, com permanência de cerca de três semanas em cada uma das situações. Aproveitei tais estadias para contactar o clube mágico local (CLAM), onde fui muito bem recebido pelos respectivos membros, dos quais relembro OTTORINO BAI (que era, nessa altura, o presidente), TONY MANTOVANI e RAUL CREMONA. Este último teve, inclusivamente, a gentileza de me oferecer, em 1982 o opúsculo "Anyway Aces" que publicara.



As reuniões semanais eram realizadas na cripta de uma igreja e tinham bastantes participantes, a maioria deles participantes activos no desenrolar das reuniões.

Foi numa dessas reuniões (não consigo precisar se foi em 1981 ou 1982) que conheci PAOLO MORELLI, um profissional que estava a trabalhar num night club de topo de Milão. Mantivemos uma amena cavaqueira durante essa reunião e, quando se aproximou o final da mesma, ele convidou-me a ir assistir ao seu espectáculo. Na reunião, juntamente com ele, estava uma senhora (que me apresentou como mulher ou namorada) e que eu supunha ser também partenaire. Tal não era o caso. E o convite dele para assistir ao espectáculo tinha também algum interesse pessoal que irei detalhar seguidamente.

No night club onde o PAOLO MORELLI estava a actuar não era "aconselhável" uma senhora estar sozinha numa mesa a assistir ao espectáculo. Por isso a namorada (ou mulher) permanecia no camarim enquanto ele actuava, só frequentando a sala na sua companhia. Com a minha presença, ela conseguiu, pela primeira vez, vê-lo a actuar naquele night club. A actuação que lhe vi fazer nessa noite foi muito similar a esta que pode ser vista aqui.

Depois de terminar a sua actuação, fomos comer uma pizza a um local que estava aberto toda a noite, onde tive a oportunidade de apreciar que PAOLO MORELLI tinha, em close-up, tanta qualidade e desenvoltura como a que revelara na pista do night club.


O NASCIMENTO DE UM FUTURO CAMPEÃO MUNDIAL

Deixarei para um outro post (a publicar amanhã) a referência ao evento mágico do ano (a FISM Lausanne) para atentar no evento mais mágico a nível pessoal: o nascimento do meu filho. Foi a 16 de Novembro e, por isso mesmo, eu escrevi, no post "1979 - ANO SETE (Parte 1)", que o dia 16 de Novembro era um dia "relevante" no Ilusionismo português. É que não é todos os dias que nasce um Campeão Mundial de Magia e, até agora, Portugal continua a só ter um.

Qualquer pai quer que o seu filho tenha sucesso seja qual for a actividade a que se dedique, mas os pais mágicos têm uma tendência natural para "empurrarem" os filhos para a prática do Ilusionismo. Não fiz nada disso mas soube incutir-lhe o gosto pela BOA Magia e orientá-lo na melhor direcção no que se refere a leituras de aprendizagem. No entanto talvez fosse uma espécie de premonição a primeira fotografia que fiz, quando ele chegou a casa, vindo da maternidade.

E se, três dias após o nascimento, o Helder teve que suportar a fastidiosa sessão fotográfica até eu conseguir obter a imagem reproduzida, um mês depois, teve outra "prova de fogo": acompanhar-me à zona de Leiria onde realizei actuações em Festas de Natal para duas empresas e suportar a "seca" de ficar com a mãe nos bastidores enquanto eu actuava.


2 comentários:

Rui Morgado disse...

Tenho cá pra mim que tiveste de colar as cartas para formar o leque que puseste na mão do miúdo e que essas cartas ainda devem existir no museu do Hélder.
Sem duvida que a formação paterna foi fundamental para o sucesso do pequeno, mas não se pode descurar a influência das muitas noites de farra mágica com os amigos. Noitadas de estudo profundo que resultaram num dos mais estranhos e caricatos grupos de ilusionismo em Portugal, "Os 4 de Pau" e desde aí foi sempre a subir até ao reconhecimento internacional da comunidade mágica. Nós, os amigos, a prepararmos o miúdo para o sucesso, enquanto o pai já dormia descansado.

Jomaguy disse...

Estás enganado, Rui, as cartas não foram coladas. Quanto à importância dos amigos e do grupo "Os 4 de Pau" tens razão. Até porque apreender a lidar com a rejeição (da inscrição num festival) também faz parte de uma aprendizagem e crescimento.