OS MÁGICOS
Este foi o nome do espectáculo público integrado nas comemorações de S. João Bosco levado a cabo pelo CIF no dia 14 de Fevereiro no Teatro Sá da Bandeira. Foi uma iniciativa louvável da Secção de Ilusionismo do Clube Fenianos Portuenses que pretendeu, com ela, aproximar a Magia dum público mais abrangente daquele que frequentava, por norma, os espectáculos realizados na sede do clube. A crítica publicada em 16 de Fevereiro, no jornal "O Comércio do Porto" foi a que, seguidamente, reproduzo.
Fruto da dinâmica de trabalho que, nessa época, existia no CIF foram criados dois grupos de mágicos para apresentar rotinas de Grandes Ilusões. Juntamente com o UL-DE-KAR formei o grupo SKORPIUS (ao qual também se associou para colaborar o OLIMACK) e preparamos um efeito (A Decapitação) baseado num dos quadros do espectáculo de JOHN CALVERT em que ambos tínhamos trabalhado. O funcionamento mecânico da ilusão era substancialmente diferente e suficientemente seguro para o OLIMACK arriscar a própria cabeça nele. Ao contrário da apresentação de CALVERT, que era cómico-burlesca, a nossa encenação era "pesada" e o público tinha direito a ver sangue jorrar durante o corte da cabeça (Nota: não só ver como também sentir alguns salpicos, como viria a acontecer num espectáculo posterior em que as dimensões do palco obrigaram a uma menor distância relativamente à primeira fila da plateia).
Portanto nesse espectáculo, além de apresentar a minha premiada rotina de manipulação, apresentei (em parceria com UL-DE-KAR), pela primeira vez, um número de Grandes Ilusões. A estreia dessa rotina correu muitíssimo bem e fomos, inclusivamente, elogiados pelo categorizado Roberto (da dupla NICHOLS & HONEY). O que também relembro desse espectáculo foi a ovação espontânea com que fui interrompido quando, durante a rotina de manipulação, realizava o meu último efeito mágico : o bastão dançarino. Por isso, nessa noite, a rotina ficou um pouco mais curta. Dado o êxito do programa, a empresa do Teatro Sá da Bandeira contratou-nos para realizar uma mini-série de 3 espectáculos num dos fins de semana seguintes.
As comemorações de S. João Bosco não se limitaram a este espectáculo público e tiveram outras actividades realizadas apenas entre os ilusionistas. Uma dessas actividades foi inovadora no ambiente mágico. Tratou-se de um "Rali Paper" realizado nas ruas da cidade do Porto, o qual, além de permitir um salutar convívio entre os participantes também ajudou a divulgar o espectáculo já referido.
Uma das outras actividades integradas nas comemorações de S. João Bosco, foi o almoço convívio realizado num conceituado restaurante situado nos arredores do Porto. No final do repasto houve os tradicionais discursos. Delas, recordo com carinho a intervenção do saudoso LE-A-FAR, pois incluiu uma situação que ficou bem gravada na minha memória. Ao finalizar a sua intervenção, LE-A-FAR informou que, pouco tempo antes, tinha estado no Brasil e era portador de diplomas "Magirama" que lhe tinham sido entregues pelo CONDE RAMSÉS para homenagear alguns mágicos portugueses que se haviam distinguido em escritos sobre Ilusionismo. Mas quando entregou, a um dos homenageados, um diploma sem nome, logo se percebeu que os diplomas tinham vindo do Brasil apenas com a assinatura de CONDE RAMSÉS e fora a escolha de LE-A-FAR que determinara a "lista de homenageados". Isto permitiu-me aferir a dimensão correcta de certas distinções atribuídas no país irmão que, nas minhas leituras, tinha visto referenciadas.
O MEU PRIMEIRO "HECKLER"
1977 foi também o ano em que terminei o meu curso de Engenharia de Telecomunicações. Por isso, em data que não consigo precisar, realizou-se o habitual "Jantar de Fim de Curso". Se a data não relembro, o local ainda está bem presente na minha memória: a "Farmácia Campos" em Matosinhos! E já agora convém referir que o restaurante tinha, na altura, um nome pelo qual toda a gente o conhecia: "O Farta Brutos".
Embora eu não andasse pelos cantos da Faculdade com um baralho na mão a "impingir truques" aos colegas, todos eles conheciam a minha ligação ao Ilusionismo. Por isso era inevitável que, no final do repasto, me iriam solicitar uma actuação improvisada... para a qual eu ia, obviamente, preparado.
Nessa noite, um dos efeitos que decidi apresentar foi uma rotina "Fora Deste Mundo". E foi aqui que tive o azar de fazer uma má escolha do espectador que iria separar as cartas entre pretas e vermelhas pois escolhi um "brincalhão" (Nota: creio que esse "brincalhão" foi o Pedro Sampaio). E o que fez ele? Escolher sempre a mesma cor!... Claro que a rotina terminou (e bem!) quando atingi metade do baralho, mas, os mágicos percebem que teria sido muito mais impactante se usasse todo o baralho.
Naturalmente que são experiências deste tipo que nos fazem crescer. Por isso, na época, deixei de apresentar essa rotina até encontrar uma solução que fosse "à prova de brincalhão". Encontraria tal solução alguns meses depois e pude voltar a apresentar, com confiança, tal rotina. A solução que encontrei faz parte integrante do efeito "Out of this water" descrito pelo meu filho (HELDER GUIMARÃES) na sua colaboração para o livro "BEST OF ALL WORLDS".
Amanhã haverá novo post referente a 1977.
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