domingo, 29 de maio de 2022

1991 - ANO DEZANOVE (Parte 2)

 


MAIS UM NAVIO PARA A "COLECÇÃO"...

Durante este ano voltei a integrar a animação de cruzeiros. E fi-lo em dois navios distintos (fretados por empresas diferentes). Assim, a par do meu já conhecido DMITRIY SHOSTAKOVICH (Agência Abreu), também "fiz uma perninha" a bordo do navio VASCO DA GAMA (Arcália Shipping).

...E MAIS UM FESTIVAL DA FIGUEIRA DA FOZ

Neste festival estive presente como convidado (actuei na Gala de Close-up) e tive oportunidade de conhecer pessoalmente ANTÓNIO FERRAGUT, um excelente pensador de Magia, com uma grande capacidade de análise dos pormenores capazes de transformar um truque numa verdadeira jóia mágica. Também foi excelente beber os ensinamentos transmitidos pelo incomparável GAETAN BLOOM.




Foi também este o ano em que DICK MARVEL organizou, em Espinho, o 1º SEMINÁRIO PORTUGUÊS DE ILUSIONISMO / 2º FESTIVAL DE MAGIA DE RUA, o qual teve como principais convidados FANTASIO, PIERRE EDERNAC e RON MacMILLAN. Além destes "nomes sonantes" também esteve, como convidado, o HELDER.

A MAGIA DA MATEMÁTICA

Relembro o que escrevi num dos primeiros posts deste blogue, a propósito da actuação improvisada de JOFERK no convívio realizado após o primeiro espectáculo em que partilhámos o palco.

"O que aí presenciei em cartomagia nada tinha a ver com a maioria dos truques de cartas (enfadonhos, devo referir) que, até essa altura, se haviam cruzado comigo nas minhas leituras mágicas." (sic)

Esses truques de cartas que apelidei de "enfadonhos" eram truques baseados em princípios matemáticos que envolviam muitas contagens. O que eu ainda não tinha descoberto era que aquilo que os tornava "enfadonhos" não eram os princípios matemáticos envolvidos, mas a apresentação que era adoptada. 

Essa "epifania" aconteceu em Novembro deste ano quando adquiri o livro "Matemática, Magia e Mistério" da autoria de Martin Gardner. A partir da respectiva leitura abriu-se, na cartomagia, um "novo mundo" para mim e o truques de base matemática passaram a merecer a mesma atenção que os restantes.

Por último quero deixar a nota do falecimento de ALBERT GOSHMAN, um dos mágicos especialistas em close-up mais impactantes que alguma vez tive oportunidade de ver actuar ao vivo.

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : Ter tido na mão a "Lâmpada voadora" de HARRY BLACKSTONE Jr..
Nota de sinal + : Ter descoberto a verdadeira Magia da Matemática.
Nota de sinal - : O falecimento de GOSHMAN.

sábado, 28 de maio de 2022

1991 - ANO DEZANOVE (Parte 1)

 


FISM - O REGRESSO IMPREVISÍVEL A LAUSANNE

O 18º Congresso Mundial de Magia estava programado para Roma, mas a morte inesperada (Julho de 1989) do respectivo presidente (PROF. SITTA), que era o elemento agregador das diversas sensibilidades existentes na magia italiana, criou a necessidade de ser encontrada uma nova solução. A equipa que tinha organizado a FISM três anos antes em Haia e o Club des Magiciens de Lausanne que organizara o Congresso FISM nove anos tinham "bem oleadas" as respectivas máquinas organizativas e propuseram-se suprir tal necessidade. A escolha recaiu em Lausanne.

Entre os concorrentes nas modalidades de palco destaco os premiados TOPAS, ARSENE LUPIN, JUAN MAYORAL e, naturalmente, o vencedor do Grand Prix VLADIMIR DANILIN (a sua rotina vencedora pode ser vista aqui). Além destes também recordo as excelentes prestações de DAVIDO e TIM ELLIS. Este último teve direito a um Special Award pela sua versão rap do clássico "Sempre Seis"(que pode ser vista aqui). 

Portugal teve três concorrentes envolvidos nos concursos de palco: SALGUERY (Magia Geral), DAMIÃO (Magia Geral) e OLIMACK (Manipulação). Este último apresentou a sua rotina de sombras chinesas e a inscrição na disciplina de Manipulação foi a solução adoptada por não haver modalidade de Artes Anexas no concurso. Nenhum obteve prémio, mas todos eles deixaram uma boa imagem da Magia em Portugal.

Nas modalidades de mesa destaco os premiados FRANCIS TABARY, JOHN CARNEY, SIMO AALTO, LENNART GREEN E ROBERTO GIOBBI e os não premiados VANNI BOSSI e SHANKAR JUNIOR. Este último, com 13 anos, surpreendeu tudo e todos pela sua desenvoltura ao apresentar a versão indiana dum clássico da Magia: o truque dos covilhetes. E fê-lo da forma mais tradicional possível: sentado no chão, de pernas cruzadas (a rotina pode ser vista, a partir do 1m40s, aqui). 

Na minha perspectiva, na Gala de Close-up, sobressaíram JUAN TAMARIZ, BERNAD BILLIS, RENÉ LAVAND, MICHAEL AMMAR e DAVID WILLIAMSON e, nas conferências, destaco os três últimos nomes referidos e ARTURO DE ASCANIO.

Mas seria numa das galas de palco que me estaria reservado o momento mais emocional que até então tinha vivenciado nos congressos FISM. Entre os diversos convidados presentes nas galas ficaram-me na retina as actuações de VORONIN, ALI BONGO, MAHKA TENDO, LIVING MAGIC THEATRE, AMOS LEVKOWITCH, RUDY COBY e THE PENDRAGONS. 

Mas um senhor ultrapassou todas as minhas expectativas: HARRY BLACKSTONE JR.!... Na minha memória ficaram estas autênticas jóias mágicas: Vanishing Birdcage (que pode ser vista aqui) e Floating Lightbulb

Ora foi precisamente, durante a exibição de Floating Lightbulb que eu vivenciei o tal momento emocional que ainda hoje, ao relembrar, me provoca um arrepio na espinha igual ao que experimentei na altura. Como pode constatar-se, durante a exibição, HARRY BLACKSTONE JR. descia à plateia e entregava a lâmpada acesa a um espectador para que a mesma fosse examinada. Nessa gala inesquecível eu fui o escolhido. E, durante breves momentos, um aparato mágico carregado de história esteve nas minhas mãos. Inolvidável!

Foi também durante este Congresso FISM que adquiri o excelente livro "The Magic of Michael Ammar" e o desdobrável "Daryl Rope Routine" que iria ser o alicerce da minha rotina "O poema da corda amarela". Quando, em Março de 2000, Daryl esteve no Porto a realizar uma conferência tive oportunidade de obter uma dedicatória em tal desdobrável.

Depois de relembrar a emoção de segurar a lâmpada de HARRY BLACKSTONE JR. acho que preciso de um descanso. As restantes memórias deste ano ficam para um novo post que será colocado amanhã.

sábado, 21 de maio de 2022

1990 - ANO DEZOITO



A PRIMEIRA VEZ A BORDO DO FUNCHAL

Neste ano fui contratado por uma empresa espanhola (Central de Cruceros) que organizava cruzeiros fretando o Paquete Funchal. Para mim foi um cruzeiro diferente por diversas razões. Por um lado foi a primeira vez que actuei em tal paquete mítico da Marinha Mercante de Portugal e, por outro lado, como os passageiros eram maioritariamente de nacionalidade espanhola, tive que falar espanhol (melhor dizendo "portunhol") durante as minhas actuações.

Além disso, o cruzeiro começava (18 de Agosto) e terminava (3 de Setembro) em Santander. Para a ida, a Central de Cruceros contratou um táxi para me transportar e no regresso até havia a possibilidade de vir até Lisboa no navio, pois o cruzeiro seguinte do Paquete Funchal iniciar-se-ia precisamente em Lisboa. 

No entanto, este contrato apanhou-me numa fase de transição da minha vida profissional, pois o dia 3 de Setembro iria ser o meu primeiro dia de trabalho numa nova empresa (RTP). Iniciaria tal fase da minha vida profissional com um breve estágio em Lisboa, antes de assumir o meu posto de trabalho em Gaia (Monte da Virgem). Convenhamos que parecia mal começar a pedir alguns dias de férias antes de realizar um único dia de trabalho... Nem sei mesmo se tal situação era legalmente possível.

Por isso, o que acordei com a Central de Cruceros foi o regresso de avião a partir de Bruxelas no dia 1 de Setembro, data da última paragem prevista no itinerário do cruzeiro (Zeebrugge). Tal regresso não envolvia o transporte do material, o qual eu iria recolher quando o Paquete Funchal atracasse em Lisboa. Tudo bem planeado para chegar ao Porto no sábado, viajar no dia seguinte com a família para Lisboa e, na segunda-feira, 3 de Setembro, apresentar-me na nova empresa.

Mas nem sempre as coisas correm como são planeadas. E um atraso na chegada do navio a Zeebrugge fez com que chegasse ao aeroporto de Bruxelas já com a porta de embarque do meu voo para Lisboa encerrada. A solução foi pernoitar em Bruxelas, viajar no domingo para Lisboa e esperar que a família se me juntasse, viajando de carro.

CONFERÊNCIAS, SINTRA, ETC.

No Festival de S. João Bosco fui convidado a apresentar uma conferência e tentei, com ela, cativar mágicos que só gostavam de apresentar "magia de palco" para as vantagens de também darem alguma atenção à "magia de close-up". Sobre esta conferencia não foram publicadas quaisquer notas.

Em 9 de Junho realizou-se, no CIF uma conferência por Arturo de Ascanio. Sendo uma conferência  que não estava incluída num evento mágico do tipo festival ou congresso, não havia a pressão de respeitar um certo limite de tempo por força de outros actos programados. Por isso pudemos desfrutar dos ensinamentos do Mestre com grande pormenor. Esta conferência também deixou boas memórias em Ascanio conforme se pode verificar pelo extracto da entrevista conduzida por Vasco Eloy publicada na revista "O Mágico" de Março de 1996, posteriormente reproduzida no livro "Arturo de Ascanio - Uma homenagem" editado pela Associação Portuguesa de Ilusionismo.

Apesar de eu não ter participado, importa referir que foi neste ano que se iniciaram os Encontros Mágicos de Sintra. Na génese destes encontros esteve uma conversa que tive com o Pedro Lacerda num dos festivais da Figueira, conversa a que se juntaram outros mágicos, sendo um dos mais entusiastas o ROVIT. 

Em 1990 vimos partir do nosso convívio LE-A-FAR, um ilusionista da velha guarda que era um participante assíduo e activo em muitos eventos mágicos em Portugal e não só.

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : Actuar a bordo do Paquete Funchal.
Nota de sinal + : O início dos Encontros Mágicos de Sintra.
Nota de sinal - : O falecimento de LE-A-FAR.

sábado, 14 de maio de 2022

1989 - ANO DEZASSETE


DIVERSOS... P'RA VARIAR

A minha ligação à Arte Mágica era sobejamente conhecida na empresa em que trabalhava (CTT). Por isso não estranhei ser abordado para uma reportagem que saiu na edição de Abril da revista empresarial "TELECOMUNICAR".

Com o aumento das responsabilidades profissionais, a quantidade de actuações diminuíam ao longo do ano. No entanto, mais uma vez, as férias foram conciliadas com trabalho de animação para a Agência Abreu, a bordo do navio DMITRIY SHOSTAKOVICH.

Na RTP 1 era transmitido um programa de entretenimento conduzido por Vítor Espadinha designado "P'ra Variar" o qual incluía um concurso  chamado "A vermelhinha".  Era um concurso em que se defrontavam duas equipas (cada uma delas constituída por três elementos) "representando" uma profissão ou hobby,  cada uma delas fazendo perguntas sobre a sua própria actividade. 

O nome do concurso era mais do que apropriado para a presença de ilusionistas. Por isso não estranhei que aparecesse no mesmo uma equipa de mágicos. Era constituída por SAIUR, SERAVAT e MR. LAPIN e claro que incluíram, nas respectivas intervenções, alguns gags e pequenos efeitos mágicos. Mas o mais importante foi terem aproveitado para divulgar um pouco da história do Ilusionismo, através das perguntas que elaboraram.

Esta equipa de mágicos participou em quatro edições do concurso transmitidas em 30 de Junho (ver aqui a partir do momento 14m44s), 3 de Julho (ver aqui, a partir do momento 16m17s), 4 de julho (ver aqui, a partir do momento 13m47s) e 5 de Julho (ver aqui, a partir do momento 12m42s). 

Em Outubro deste ano iniciou-se a transmissão da série televisiva "UM TOQUE DE MAGIA" da autoria de ROVIT. Era um programa que incluía, como convidados, outros mágicos. O ROVIT convidou-me para apresentar a minha rotina de covilhetes e desloquei-me a Lisboa para efectuar tal gravação. No entanto uma discrepância entre as condições efectivas de gravação (só havia duas câmaras em estúdio) e aquelas que me haviam sido previamente comunicadas (existência de três câmaras operacionais em simultâneo) levou a um desentendimento entre nós e regressei ao Porto sem gravar para o programa. Foi essa a razão pela qual, durante algum tempo, estivemos com relações pessoais esfriadas.



E FESTIVAL (PERDÃO... CONGRESSO) NA FIGUEIRA DA FOZ

Entre 5 e 8 de Outubro, realizou-se o II CONGRESSO PORTUGUÊS DE ILUSIONISMO na Figueira da Foz. As conferências de PEDRO LACERDA e TOMMY WONDER foram, como era de esperar, muito boas. O nível global dos convidados para actuar foi bom, destacando-se, com naturalidade, as intervenções de TOMMY WONDER e do DUO ABSOLON, que, em 1976, já me tinha maravilhado numa das galas da FISM de Viena.

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : A divulgação de um pouco da história do Ilusionismo nos ecrãs da RTP.
Nota de sinal - : O desaguisado com ROVIT.

domingo, 8 de maio de 2022

1988 - ANO DEZASSEIS (Parte 2)


CONDE D'AGUILAR

Faleceu a 12 de Fevereiro deste ano, com 79 anos, aquele que é, muito provavelmente, o nome do mais conhecido ilusionista para o público português de meados do século XX. 

CONDE D'AGUILAR teve uma carreira internacional, tendo, inclusive, trabalhado para elementos da realeza em alguns países, de acordo com a respectiva biografia publicada no "Dicionário do Ilusionismo em Portugal".

Alguns anos antes do seu passamento, tive oportunidade de o conhecer pessoalmente. Aconteceu na "Fogueira das Meias" (estabelecimento comercial de JOFERK, que era, por excelência, o ponto de encontro de mágicos que passavam pelo Porto) e pude constatar que, apesar de já estar no ocaso da carreira, continuava a manter o porte nobiliárquico que, de certa forma, justificava o uso do nome artístico CONDE D'AGUILAR.

Aqui podem ser vistas as referências que lhe foram feitas no programa da Semana Internacional de la Magia y la Ilusión, organizada em Salta (Argentina) pelo Círculo Mágico Argentino, onde esteve como convidado.

Em 1954, teve uma presença regular semanal nos ecrãs da RTP com um programa em que explicava truques de ilusionismo, provocando reacções adversas de muitos mágicos profissionais e amadores. Esses truques foram, posteriormente, publicados num livrinho editado pelo patrocinador do programa.



ACTUAÇÕES NO "ESTÚDIO 4" E MAIS

"Estúdio 4" foi o nome de um programa das tardes da RTP 1 transmitido em directo e produzido nos Estúdios do Lumiar (Lisboa). Estive presente para uma primeira intervenção em 15 de Abril. Como, em cada semana, a produção adoptava um tema distinto para as perguntas dos concursos incluídos no programa, aproveitei para lhes sugerir que dedicassem uma semana ao Ilusionismo. A sugestão começou por ser aceite e pareceu-me que iria haver uma "Semana do Ilusionismo". Posteriormente houve um ligeiro desvio da perspectiva inicial e baptizaram a semana que decorreu de 4 a 8 de Julho como "Semana da Fantasia". Mesmo assim algumas perguntas sobre Ilusionismo que alvitrei foram integradas nos concursos e eu estive presente nos programas emitidos em 4, 6 e 8 de Julho. Seguidamente aqui deixo um video com duas dessas actuações "recuperadas" a partir das velhinhas gravações Betamax.

Quem também  teve oportunidade de assistir a estas minhas actuações foi o MANOLO, que, nessa altura, já tinha emigrado da Venezuela para Portugal. No entanto só viria a conhecê-lo pessoalmente no final deste ano, quando ele apareceu no CIF.

No Verão voltei a integrar o staff de animação de cruzeiros a bordo do navio DMITRIY SHOSTAKOVICH.

Participei na Convenção API-88 que, face à parceria estabelecida com a Câmara Municipal da Amadora para a realização do "1º Festival de Magia da Amadora", conseguiu arcaboiço orçamental para contratar PEPE CARROLL, AURELIO PAVIATTO e PEPE DOMINGUEZ.

O Dr. Jorge Cabral Araújo publicou o livro "Histórias de Mágicos" no qual reuniu algumas histórias mais ou menos picarescas de vários mágicos. Entre elas está uma história que aconteceu comigo.

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : A FISM de Haia.
Nota de sinal + : A presença no programa "Estúdio 4"
Nota de sinal - : O falecimento de CONDE D'AGUILAR.

sábado, 7 de maio de 2022

1988 - ANO DEZASSEIS (Parte 1)

 


A FISM NA HOLANDA (HAIA)

Mais uma FISM (para mim foi a sexta) que não defraudou as expectativas que são sempre muito elevadas.

Uma das curiosidades implementadas pela organização desta FISM foi cunhar duas moedas homenageando dois "monstros sagrados" da magia holandesa: OKITO e FRED KAPS. Tais moedas eram necessárias para pagar as bebidas adquiridas nos bares do Centro de Congressos. Hoje são peças de colecção.

Relativamente aos convidados das galas de palco ficaram na minha memória as actuações de RUDY COBY, JOHNNY LONN, THE PENDRAGONS, TINA LENERT, FUKAI AND KIMIKA, DAVIDE COSTI, JEFF McBRIDE, JAMES DIMMARE e VLADIMIR DANILIN. Numa das galas também trabalhou, como convidado, o português especializado em "sombras chinesas" JOE MARVEL. Esteve no bom nível que lhe conhecia e, para rematar a sua actuação, "desenhou", com as mãos, o perfil de FRED KAPS. Excelente ideia para uma FISM realizada na Holanda.

Como convidada esteve também a estrela japonesa PRINCESS TENKO, cuja actuação preencheu toda a segunda parte de uma das galas. Apesar de toda a publicidade de que foi precedida e da fama que, na época, tinha no seu país, ficou bastante aquém das minhas expectativas.

A Gala de Close-up foi designada com toda a propriedade "CLOSE-UP FESTIVAL". E foi mesmo um festival de boa magia onde todos os atuantes merecem ser destacados. BOB READ, CARLOS VAQUERA e DR. SAWA, talvez por ser a primeira vez que os vi actuar, merecem, para mim, um destaque especial.

As conferências de ALDO COLOMBINI, DARYL e EUGENE BURGER foram aquelas em que mais ensinamentos colhi.

Os concursos tiveram um nível excelente. Portugal esteve presente por intermédio de HORTINY (na modalidade de Invenção) e JORGE SORIAC (na modalidade de Manipulação). Não obtiveram prémios mas não desmereceram o aval obtido para os respectivos concursos.

Nos concursos de palco fiquei especialmente bem impressionado com as prestações de TOM MULLICA (3º prémio de Magia Cómica e uma actuação similar à do concurso pode ser vista aqui), TOPAS (2º prémio de Manipulação), YUKA (3º prémio de Magia Geral), THE NAPOLEONS (3º prémio de Grandes Ilusões), TOMMY WONDER (2º prémio de Magia Geral com a rotina que pode ser vista aqui) e VIK & FABRINI (1º prémio de Magia Geral com a rotina que pode ser vista aqui).

Nos concursos de mesa destaco as prestações de JOSE CARROL (1º prémio de Cartomagia), ROBERTO GIOBBI (2º prémio de Cartomagia) e JOHN CARNEY (2º prémio Close-up) e, naturalmente, JOHNNY ACE PALMER que foi o primeiro concorrente numa modalidade de mesa (Close-up) a conquistar o GRANDE PRÉMIO FISM. A sua rotina vencedora pode ser vista aqui.

No programa social do evento estava incluída uma recepção promovida pelo Ministro da Cultura da Holanda e pelo Presidente da Câmara de Haia. Esta recepção (que incluiu bebidas e aperitivos à discrição) teve lugar num edifício público destinado a eventos culturais que anteriormente havia sido uma igreja (Grote Kerk). Não pude deixar de comentar com alguns portugueses que nós, ali numa "igreja", de copo na mão, só estávamos a dar sentido literal à expressão "correr as capelinhas". E não é que, anos mais tarde, numa outra FISM, o JODIVIL ainda se lembrava deste meu comentário!

Também nos foi proporcionada uma Festa Mágica onde ficamos distribuídos em mesas (repletas de comidas e bebidas) de duas salas diferentes, cada uma tendo uma orquestra para proporcionar música ao vivo para dançar. Mas a parte mais sui generis desta festa foi a entrada, pois, a cada congressista era oferecido um (e um só) flute com champanhe. Ora cada um deles tinha no fundo um diamante, numa evidente acção promocional dos diamantes holandeses. No entanto nos mais de dois mil flutes com champanhe servidos à entrada só havia três diamantes verdadeiros, sendo os restantes falsos. Cada congressista tinha que evitar "beber" o diamante e recolhê-lo para fazer o teste e discernir se se tratava de um diamante verdadeiro ou falso. Acontece que nessa festa apenas apareceram dois diamantes verdadeiros. Por isso a organização resolveu, durante a Gala Final, sortear um terceiro diamante entre o congressistas e o diamante veio para Portugal, pois a feliz contemplada foi a MARIA JOÃO TAVARES!

E porque 1988 me traz outras memórias além das da FISM, amanhã haverá novo post.