A FISM EM PORTUGAL
O fim do milénio trouxe, pela primeira vez, a organização do Congresso Mundial FISM a Portugal. Muito provavelmente, foi, de todas as FISM em que participei, aquela em que menos desfrutei. Tal ficou a dever-se ao facto de ter colaborado com a organização, sendo responsável pela coordenação dos concursos de mesa.
Apesar disso tive oportunidade de assistir ao muito do bom que esta FISM teve.
No que respeita às galas de palco destaco JAY MARSHALL, RICHARD ROSS, TOPPER MARTYN, JOHN GAUGHAN e o "seu" ANTONIO DIAVOLO (uma actuação pode ser vista aqui), ALI BONGO, MAC KING, JUNGE JUNGE, MIKE CAVENEY, TINA LENERT, GER COOPER, THE NAPOLEONS, BILLY McCOMB, VORONIN e SALVANO.
Devido à lotação do Grande Auditório do CCB ser inferior ao número total de congressistas inscritos, as galas eram repetidas, sendo os congressistas divididos em dois grupos. Eu estava incluído no segundo grupo e, por isso, na Gala de 7 de Julho, não assisti à actuação do MAGO ANTON que iria apresentar a sua versão do Water Torture Escape, que HOUDINI imortalizou. Na realidade, nessa mesma gala realizada no dia anterior, aconteceu um lamentável acidente (felizmente sem quaisquer consequências além dos prejuízos materiais) e, mal o MAGO ANTON entrou, acorrentado a uma pedra, no enorme aquário, a parede frontal do mesmo partiu-se e a água, trazendo consigo o artista, jorrou para o proscénio e o fosso de orquestra. Dado que o espectáculo estava a ser filmado, os congressistas do segundo grupo tiveram oportunidade de ver, projectado num ecrã, o acidente que sucedera na véspera.
No que se refere à Gala de Close-up, destaco GUY HOLLINGWORTH, BILL MALONE, CAMILO VASQUÉZ e DAVID WILLIAMSON. E relativamente a conferências, assisti às de GUY HOLLINGWORTH, DAVID ACER, TOM STONE, DAVID ROTH e DAVID WILLIAMSON e todas elas considerei como "muito interessantes".
Das entrevistas previstas, assisti às feitas a JUAN TAMARIZ e PAUL DANIELS e ambas se revelaram muito enriquecedoras. Uma outra entrevista que estava referida no programa era a que seria feita a RICKY JAY. No entanto este artista não se deslocou a Lisboa (segundo a organização informou, devido a exigências feitas à última hora) e até houve uma cena um bocadinho caricata em que LUÍS DE MATOS informou tal ausência ao mesmo tempo que riscava o nome de RICKY JAY do programa. No entanto, numa reportagem que registou "para a posteridade, por escrito e em português, tudo o que aconteceu ao longo dos 6 dias que durou" a FISM 2000, a entrevista a RICKY JAY foi referida como tendo acontecido.
Não tendo tido oportunidade de assistir aos concursos de mesa, calmamente sentado na plateia como gosto, fui espreitando as actuações sempre que pude e destacaria, em Close-Up, as actuações de MANUEL MUERTE e SIMO AALTO e, em Cartomagia, as de MAGO MIGUE, HENRY EVANS e THOMAS FRAPS. Em Cartomagia também tiveram excelentes prestações os espanhóis MIGUEL GÓMEZ e FRANCISCO HERRERO, mas viram as suas pontuações afectadas pelo facto de terem feito as respectivas intervenções em espanhol, língua que a grande maioria dos jurados não entendia.
Nos concursos de palco destaco MASK, KENJI MINEMURA, NORBERT FERRÉ, YUNKE, LUÍS BOYANO & ISABELLA e, naturalmente, SCOTT THE MAGICIAN & MURIEL, que obtiveram o Grande Prémio desta FISM (Nota: uma actuação sua, que inclui o acto levado a concurso na FISM, pode ser vista aqui).
Nos concursos participaram vários mágicos portugueses, nenhum dos quais obteve prémio. Em Magia Geral concorreram RUI MORGADO, CHARLES BROOK e SALGUERY; em Manipulação participaram MÁRIO DANIEL e DAVID SOUSA; e em Close-Up concorreram DAVID REGO e MICHAEL JOSEPH.
Infelizmente esta FISM teve duas falhas que a penalizaram na opinião publicada em diversas reportagens que foram feitas.
A primeira falha esteve relacionada com transportes. Como a zona do CCB não era forte em oferta hoteleira, a maioria dos hotéis em que os congressistas se encontravam alojados situava-se no centro de Lisboa. Por isso foi implementado um serviço de autocarros com a função de, todos os dias, trazer para o CCB os congressistas no início da manhã e de os levar de regresso aos seus hotéis no final do último espectáculo. Como tal serviço apresentou diversas falhas, os congressistas que dele necessitavam tentaram suprir as mesma com recurso ao uso de táxi (lembro que, naquele tempo, não havia UBER nem similares). Ora se, de manhã, junto aos respectivos hotéis, era fácil conseguir táxi, o mesmo não acontecia à noite, junto ao CCB.
A segunda falha aconteceu no último dia, no derradeiro evento programado para esta FISM: Jantar de Encerramento / Gala de Premiados. Ora este evento foi marcado para a Praça Sony (na zona da EXPO'98) e correu muito mal quer a nível de jantar, em que muitos se queixaram de falta de comida e saíram para comprar pizzas nas proximidades, quer a nível de espectáculo, em que as condições não eram as mais apropriadas para certos artistas. A queixa quanto à falta de comida é exagerada, pois acho que existia comida em quantidade suficiente. Mas como era uma refeição ao ar livre, feita em "modo churrasco", convenhamos que ter apenas três grelhadores para preparar, atempadamente, os grelhados para mais de dois mil congressistas é manifestamente mal pensado.
Ora, como sabemos, a última impressão pode marcar de forma indelével a opinião sobre um evento. Por isso não me admiraram as opiniões negativas que foram formuladas por quem deu demasiado "peso" ao que se passou nas últimas quatro horas de um evento que durou seis dias.
NOTAS DE RODAPÉ