domingo, 31 de julho de 2022

2000 - ANO VINTE E OITO (Parte 2)

 


A FISM EM PORTUGAL

O fim do milénio trouxe, pela primeira vez, a organização do Congresso Mundial FISM a Portugal. Muito provavelmente, foi, de todas as FISM em que participei, aquela em que menos desfrutei. Tal ficou a dever-se ao facto de ter colaborado com a organização, sendo responsável pela coordenação dos concursos de mesa. 


Apesar disso tive oportunidade de assistir ao muito do bom que esta FISM teve.

No que respeita às galas de palco destaco JAY MARSHALL, RICHARD ROSS, TOPPER MARTYN, JOHN GAUGHAN e o "seu" ANTONIO DIAVOLO (uma actuação pode ser vista aqui), ALI BONGO, MAC KING, JUNGE JUNGE, MIKE CAVENEY, TINA LENERT, GER COOPER, THE NAPOLEONS, BILLY McCOMB, VORONIN e SALVANO. 

Devido à lotação do Grande Auditório do CCB ser inferior ao número total de congressistas inscritos, as galas eram repetidas, sendo os congressistas divididos em dois grupos. Eu estava incluído no segundo grupo e, por isso, na Gala de 7 de Julho, não assisti à actuação do MAGO ANTON que iria apresentar a sua versão do Water Torture Escape, que HOUDINI imortalizou. Na realidade, nessa mesma gala realizada no dia anterior, aconteceu um lamentável acidente (felizmente sem quaisquer consequências além dos prejuízos materiais) e, mal o MAGO ANTON entrou, acorrentado a uma pedra, no enorme aquário, a parede frontal do mesmo partiu-se e a água, trazendo consigo o artista, jorrou para o proscénio e o fosso de orquestra. Dado que o espectáculo estava a ser filmado, os congressistas do segundo grupo tiveram oportunidade de ver, projectado num ecrã, o acidente que sucedera na véspera.

No que se refere à Gala de Close-up, destaco GUY HOLLINGWORTH, BILL MALONE, CAMILO VASQUÉZ e DAVID WILLIAMSON. E relativamente a conferências, assisti às de GUY HOLLINGWORTH, DAVID ACER, TOM STONE, DAVID ROTH e DAVID WILLIAMSON e todas elas considerei como "muito interessantes".

Das entrevistas previstas, assisti às feitas a JUAN TAMARIZ e PAUL DANIELS e ambas se revelaram muito enriquecedoras. Uma outra entrevista que estava referida no programa era a que seria feita a RICKY JAY. No entanto este artista não se deslocou a Lisboa (segundo a organização informou, devido a exigências feitas à última hora) e até houve uma cena um bocadinho caricata em que LUÍS DE MATOS informou tal ausência ao mesmo tempo que riscava o nome de RICKY JAY do programa. No entanto, numa reportagem que registou "para a posteridade, por escrito e em português, tudo o que aconteceu ao longo dos 6 dias que durou" a FISM 2000, a entrevista a RICKY JAY foi referida como tendo acontecido.

Não tendo tido oportunidade de assistir aos concursos de mesa, calmamente sentado na plateia como gosto, fui espreitando as actuações sempre que pude e destacaria, em Close-Up, as actuações de MANUEL MUERTE e SIMO AALTO e, em Cartomagia, as de MAGO MIGUE, HENRY EVANS e THOMAS FRAPS. Em Cartomagia também tiveram excelentes prestações os espanhóis MIGUEL GÓMEZ e FRANCISCO HERRERO, mas viram as suas pontuações afectadas pelo facto de terem feito as respectivas intervenções em espanhol, língua que a grande maioria dos jurados não entendia.

Nos concursos de palco destaco MASK, KENJI MINEMURA, NORBERT FERRÉ, YUNKE, LUÍS BOYANO & ISABELLA e, naturalmente, SCOTT THE MAGICIAN & MURIEL, que obtiveram o Grande Prémio desta FISM (Nota: uma actuação sua, que inclui o acto levado a concurso na FISM, pode ser vista aqui).

Nos concursos participaram vários mágicos portugueses, nenhum dos quais obteve prémio. Em Magia Geral concorreram RUI MORGADO, CHARLES BROOK e SALGUERY; em Manipulação participaram MÁRIO DANIEL e DAVID SOUSA; e em Close-Up concorreram DAVID REGO e MICHAEL JOSEPH.

Infelizmente esta FISM teve duas falhas que a penalizaram na opinião publicada em diversas reportagens que foram feitas. 

A primeira falha esteve relacionada com transportes. Como a zona do CCB não era forte em oferta hoteleira, a maioria dos hotéis em que os congressistas se encontravam alojados situava-se no centro de Lisboa. Por isso foi implementado um serviço de autocarros com a função de, todos os dias, trazer para o CCB os congressistas no início da manhã e de os levar de regresso aos seus hotéis no final do último espectáculo. Como tal serviço apresentou diversas falhas, os congressistas que dele necessitavam tentaram suprir as mesma com recurso ao uso de táxi (lembro que, naquele tempo, não havia UBER nem similares). Ora se, de manhã, junto aos respectivos hotéis, era fácil conseguir táxi, o mesmo não acontecia à noite, junto ao CCB.

A segunda falha aconteceu no último dia, no derradeiro evento programado para esta FISM: Jantar de Encerramento / Gala de Premiados. Ora este evento foi marcado para a Praça Sony (na zona da EXPO'98) e correu muito mal quer a nível de jantar, em que muitos se queixaram de falta de comida e saíram para comprar pizzas nas proximidades, quer a nível de espectáculo, em que as condições não eram as mais apropriadas para certos artistas. A queixa quanto à falta de comida é exagerada, pois acho que existia comida em quantidade suficiente. Mas como era uma refeição ao ar livre, feita em "modo churrasco", convenhamos que ter apenas três grelhadores para preparar, atempadamente, os grelhados para mais de dois mil congressistas é manifestamente mal pensado.

Ora, como sabemos, a última impressão pode marcar de forma indelével a opinião sobre um evento. Por isso não me admiraram as opiniões negativas que foram formuladas por quem deu demasiado "peso" ao que se passou nas últimas quatro horas de um evento que durou seis dias.

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : O espectáculo de DAVID COPPERFIELD.
Nota de sinal + : A FISM 2000 em Portugal.
Nota de sinal - : As últimas quatro horas da FISM 2000.
Nota de sinal - : O falecimento de EDUARDO FRANCO.

sábado, 30 de julho de 2022

2000 - ANO VINTE E OITO (Parte 1)


 O ESPECTÁCULO DE DAVID COPPERFIELD...

O último ano do século passado (que, curiosamente, é também o último ano do milénio passado...) trouxe muita e boa magia a Lisboa. Deixarei para o post que colocarei amanhã o assunto FISM 2000, que teve o seu quartel-general no Centro Cultural de Belém, e irei abordar neste o espectáculo de DAVID COPPERFIELD que realizou uma curta temporada no Pavilhão Atlântico.

Mal foi anunciada tal temporada, tratei de adquirir três bilhetes para ir com a Fátima e o Helder a Lisboa assistir a um desses espectáculos. Para permitir uma deslocação confortável de ida e volta no mesmo dia escolhemos a primeira sessão (15 horas) de sábado 17 de Junho, que o bilhete reproduzido documenta.

Acontece que, já depois de ter adquirido tais bilhetes, verifiquei que a TV Guia dava apoio à divulgação do espectáculo de COPPERFIELD, realizando um passatempo entre os seus leitores. Tanto quando me lembro esse passatempo era constituído por duas perguntas que estavam formuladas, mais ou menos, nos seguintes termos:

1 - Quem gostaria que DAVID COPPERFIELD fizesse desaparecer e porquê?

2 - Gostaria que DAVID COPPERFIELD o fizesse desaparecer? Justifique.

Ora, na época, a relação entre Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho era um tema muito badalado nas revistas da imprensa cor-de-rosa, merecendo, quase semanalmente, destaque na capa de uma ou mais dessas revistas. Por isso decidi glosar tal tema com as respostas seguintes (Nota: se não foi exactamente esta a redacção das respostas, o teor das mesmas transmitia as ideias seguidamente expressas):

1 - Gostaria que fizesse desaparecer o Manuel Maria Carrilho para fazer um favor à Bárbara Guimarães. (Nota: uma resposta que, na altura, era meramente humorística revela, passados 22 anos, um "assustador" lado premonitório

2 - Sim, gostaria que me fizesse desaparecer pois não tenho esperança de merecer os favores da Bárbara Guimarães.

E não é que fui o premiado!... Por isso tive direito a dois bilhetes para a segunda sessão (creio que se iniciou às 18h30m) e convite para participar num dos efeitos mágicos apresentado por DAVID COPPERFIELD no seu espectáculo: aquele em que ele fazia desaparecer 13 espectadores em palco!

Em face deste prémio, levei comigo a Lisboa os meus cunhados UL-DE-KAR e FERKAR que juntamente com o HELDER assistiram ao espectáculo das 15 horas, enquanto eu e a Fátima "fazíamos horas" para assistir à 2ª sessão, na qual eu iria "desaparecer"... Esse "desaparecimento" iria ser notícia na TV Guia de 30 de Junho, conforme mostra o seguinte recorte.


O espectáculo de COPPERFIELD foi, naturalmente, muito bom, mas participar numa das ilusões foi mesmo "a cereja no topo do bolo". Enfim foi um momento que guardo nas minhas memórias emocionais a par daquele que já anteriormente relatei e que foi vivido na FISM 1991 quando, por breves instantes, segurei na lâmpada de HARRY BLACKSTONE Jr.

Obviamente não vou revelar como "desapareci" acompanhado por mais 12 espectadores escolhidos ao acaso. Em primeiro lugar porque não seria eticamente correcto e em segundo lugar porque, antes do espectáculo, assinei um compromisso escrito para não o fazer. Dado que os restantes espectadores que "desapareceram" foram seleccionados aleatoriamente por um balão, nenhum deles tinha assinado previamente idêntico compromisso. Creio que o facto de eu ter sido seleccionado através de um orgão de comunicação social, obrigou o COPPERFIELD a cuidados extra não fosse o caso do passatempo da TV Guia ser um mero expediente para tal publicação meter um jornalista dentro do espectáculo, e, posteriormente, fazer a revelação bombástica de como tal ilusão era concretizada.

No final do espectáculo, COPPERFIELD veio pessoalmente agradecer a nossa colaboração (oferecendo a fotografia autografada que inicia este post) e pedir o nosso sigilo quanto ao método utilizado. Gostei particularmente da maneira como ele sugeriu algumas descrições que as pessoas podiam fazer aos amigos e familiares que, indubitavelmente, iriam querer saber como tudo tinha sucedido. A preocupação revelada quando ao facto de não fazermos a saída para o exterior todos ao mesmo tempo foi mais um ponto que me mostrou (se tal fosse necessário) como, nas grandes produções, tudo está pensado ao pormenor.

Enquanto eu assistia ao espectáculo o Helder, na companhia dos tios e do FRED ALAN (que, coincidentemente tinha ido a Lisboa ver o mesmo espectáculo), andou a deambular pelas cercanias do Pavilhão Atlântico. E nessas deambulações, os quatro tiveram um verdadeira experiência mágica que quase parecia suplantar o espectáculo de COPPERFIELD...

Quando acabou o espectáculo e após ser revertido o meu "desaparecimento", eu e a Fátima reunimo-nos com eles para comer qualquer coisita antes de arrancar de regresso ao Porto. E é aí que me apercebo que algo se tinha passado... algo que ninguém parecia querer contar!... O Helder mantinha-se "sisudo", mas os tios, volta e meia, lançavam risadas verdadeiramente suspeitas. Quase a acabar a breve refeição lá consegui arrancar a história do que se tinha passado.

Nas suas deambulações tinham deparado com um "animador de rua" que possuía um boneco feito em papel, o qual dançava sempre que ele ligava o rádio portátil e o som da música estimulava a veia dançarina do boneco. Claro que, ao ver tal performance, a primeira ideia que surgiu aos mágicos ali presentes foi que a razão da dança estava na existência de um fio manipulado pelo dono do boneco. No entanto nenhum fio era visível, qualquer que fosse o lado em que se encontravam a observar o boneco dançarino. E até houve quem se deitasse no chão a espreitar!

Questionado o "animador de rua" quanto à razão da dança protagonizada pelo boneco, apenas conseguiram arrancar-lhe uma resposta repetitiva: "É a música... A culpa é da música." Por isso, verdadeiramente ilusionados de uma maneira que COPPERFIELD não conseguira fazer, decidiram comprar um boneco ao homem. O HELDER comprou um, o UL-DE-KAR comprou outro e o FRED ALAN comprou dois, com medo que um se pudesse estragar rapidamente.

Claro que, ao abrir o saco plástico onde vinha o boneco, perceberam que a razão da dança era mesmo um fio finíssimo. Por isso, ficaram com uma grande cachola, por não terem acreditado na sua própria intuição quanto ao modus operandi do boneco. Mas convém acrescentar que o "animador de rua" não os estava a enganar ao dizer que a culpa era da música. Como o fio era preso na ponta da antena do rádio portátil, a música a tocar transmitia vibrações à antena e eram essas vibrações que faziam dançar o boneco.

Ligada intrinsecamente ao espectáculo de DAVID COPPERFIELD ainda tenho mais uma memória para partilhar. Na segunda-feira seguinte, por volta das 11 horas, sou surpreendido, no escritório onde trabalhava, por um telefonema do ANORK. Ora, naquele tempo, eu ainda não tinha telemóvel (até porque ainda era um gadget pouco comum e excessivamente caro) e, por outro lado, tinha a certeza que nunca lhe havia facultado o conhecimento do meu número telefónico fixo do trabalho. Mas rapidamente fiquei a perceber que ele ligara para minha casa e, face à urgência que ele tinha em me contactar, a Fátima facultara tal informação.

E qual era a urgência do ANORK em falar comigo? Depois de dizer que, no sábado anterior, gostara muito de me ver no palco do Pavilhão Atlântico, mostrou imediatamente ao que vinha: queria saber como funcionava o truque da desaparição dos 13 espectadores que vira o COPPERFIELD apresentar e no qual eu tinha participado. Claro que me mantive fiel ao compromisso assumido e respondi, de uma forma cordial (mas firme) que qualquer mágico conhecedor como ele era, conseguia, rapidamente, encontrar três ou quatro soluções para realizar aquele truque e que, de certeza, a solução implementada pelo COPPERFIELD era uma dessas.


... E ALGUNS ESPECTÁCULOS DO JOMAGUY

Em 29 de Janeiro participei na Gala de São João Bosco (CIF) como tantas outras vezes. Apenas refiro esta actuação em particular, pois nela, em vez da minha habitual rotina "Peixe cortado e recomposto" apresentei "Girafa cortada e recomposta" numa crítica bem explícita a quem me havia copiado a rotina do peixe.

Em 21 de Março actuei num jantar promovido pelo Clube Portuense. Apenas refiro esta actuação pois ela foi fruto de um cartão de visita que, sete anos antes, tinha entregue a um cliente numa das minhas actuações numa casa de fado. Este contrato apenas veio confirmar uma ideia que sempre esteve presente em mim: um cartão de visita "diferente" (como o que imagem acima reproduz) é algo que as pessoas guardam durante anos.

Em Junho, participei na 3ª edição dos "Encuentros La Barranca". Em Julho e Agosto voltei a realizar diversas actuações como parte integrante da animação a bordo do Paquete Funchal. 

Também foi em 2020 que adquiri o livro (imprescindível para qualquer mágico) "La Magia de Ascanio - La concepción Estrutural de la Magia" e que faleceu o Sr. EDUARDO FRANCO. 


POST SCRIPTUM (Em 23 de Abril de 2024)

Quando redigi este post, não consegui encontrar os recortes da TVGuia que ilustrassem as respostas textuais que me tinham permitido ser o escolhido como vencedor do passatempo supracitado.

Mas, como “o que é vivo sempre aparece”, hoje encontrei, na minha papelada, um recorte da TVGuia nº 1116 (relativa à semana de 23 a 29 de Junho de 2000), o qual me permite documentar mais pormenorizadamente o assunto em causa. Para tal aqui deixo duas imagens.




sábado, 23 de julho de 2022

1999 - ANO VINTE E SETE

 


MÁGICO DE PROXIMIDADE

Sempre fui defensor da utilização da língua portuguesa nos escritos sobre Ilusionismo, como pode ser verificado pela leitura do artigo de minha autoria entitulado "EM PROL DE UM LÉXICO MÁGICO PORTUGUÊS", o qual foi publicado na revista o O MÁGICO nº4 (Setembro de 1996). 

Por isso não admira que procurasse uma expressão que pudesse traduzir de forma conveniente o conceito de "Magia de Close-up". Muito sinceramente, as traduções "Magia de Perto" ou "Magia Íntima" que já vira referenciadas por alguns mágicos não me agradavam. Assim, à falta de melhor, continuava a apresentar-me como "Mágico de Close-up".

Ora foi precisamente, durante este ano, que a ideia de "Magia de Proximidade" me surgiu e, a partir daí, passei a apresentar-me como "O Mágico de Proximidade". Hoje é com regozijo que vejo tal designação ser usada por diversos ilusionistas, embora ainda não tenha visto nenhum ter a preocupação de dar crédito a quem, pela primeira vez, usou tal expressão. Enfim, nada de novo debaixo do sol.

FESTIVAIS, ENCONTROS, ETC.

No âmbito do Festival de São João Bosco (CIF), proferi, em 31 de Janeiro, a conferência "A Lógica Mágica". No dia anterior tinha integrado o elenco da Gala de Close-up. Também foi durante este evento que adquiri o importante opúsculo (da autoria de TONY KLAUF) entitulado "A importância do baralho ordenado no ilusionismo".

Em Março participei nos Encontros Mágicos de Sintra, em Junho participei na 2ª edição dos Encontros Mágicos "LA BARRANCA" e em Setembro assisti ao MAGICVALONGO em que destaco as conferências de ROBERTO GIOBBI, PAVEL, PABLO SEGOBRIGA e JAHN GALLO. 


O POEMA DA CORDA AMARELA

A magia com cordas sempre mereceu da minha parte uma atenção muito especial. Pergunto a mim mesmo se tal não terá sido consequência da oficina ministrada por JEAN MERLIN durante a FISM 1973 (Paris). O certo é que desde essa altura tenho mantido uma rotina com corda no meu repertório. 1999 marcou uma viragem na forma de apresentar a minha habitual rotina: passei a declamar um texto em verso a que chamei "O poema da corda amarela". A primeira vez que tal aconteceu foi num espectáculo realizado em 26 de Junho.

A partir desse momento, esta rotina de corda passou a ser, para mim, uma verdadeira "pièce de resistente". O que nunca pensei é que alguém encontrasse pouca originalidade no conjunto, pela simples razão que já havia mágicos a usar cordas amarelas...

A gravação acima apresentada foi realizada no PINGUIM CAFÉ no ano 2009.

NOTA DE RODAPÉ

Nota de sinal + : A criação da expressão "O Mágico de Proximidade"


sábado, 16 de julho de 2022

1998 - ANO VINTE E SEIS

 


MAGIAS À MEIA-NOITE

Este foi o título de uma série de actuações iniciadas à meia-noite (que surpresa...) no Café Concerto do Teatro Rivoli e que integraram a programação do FANTASPORTO em 18, 22 e 26 de Fevereiro deste ano. Além de mim também actuaram MANOLO, HELDER e RICARDO. 

Durante o FANTASPORTO, o espaço de Café Concerto funcionava como ponto de convívio dos participantes no Festival, após o final das projecções dos filmes programados. O que ninguém esperava é que pessoas tão envolvidas na chamada "Sétima Arte" não tivessem compreensão e respeito pelo trabalho de artistas cuja Arte não esteja registada num pedaço de celulóide.

E foi isso que aconteceu! Quando os espectáculos começavam, havia pessoas que se mantinham a conversar, de costas viradas para o palco, sem qualquer respeito pelo artista aí presente ou pelos espectadores que queriam seguir atentamente a respectiva actuação. Numa das noites, o alheamento de uma mesa era tão óbvio (direi mesmo, era "provocador") que o MANOLO decidiu que eles tinham que colaborar numa das ilusões e, para tal, atirou algumas cartas gigantes para o centro da mesa... Foi hilariante!

JORNADA MÁGICA DO CMP

No dia 18 de Abril rumei a Mafra para participar na Jornada Mágica do CMP (Clube Mágico Português). Era um evento que se perspectivava muito promissor, pois anunciava três conferências. Infelizmente as expectativas foram completamente defraudadas, pois não houve uma única conferência, além de outras incidências (como, por exemplo, manchar a homenagem a SAIUR) que me levam a considerar este como o pior evento mágico em que, até hoje, participei. A minha apreciação circunstanciada às diversas vicissitudes do evento foi publicada na revista MAGIA (do CIF) de Maio/Junho 1998.


EL PRIMER ENCUENTRO "LA BARRANCA"

Por iniciativa de MIGUEL GÓMEZ e ARMANDO GÓMEZ (e mais alguns mágicos espanhóis), realizou-se o primeiro dos encontros de La Barranca. Num formato semelhante aos "Encontros de Sintra", este encontro realizou-se num hotel das proximidades de Madrid, onde todos os participantes ficavam alojados. A participação não implicava qualquer inscrição (ou seja, não havia nenhum outro custo além dos relativos a viagem e alojamento), mas, para estar presente, era necessário receber o respectivo convite da Comissão Organizadora. Desta forma, tal comissão conseguiu garantir um nível mínimo de conhecimentos mágicos dos participantes (para garantir um andamento fluido dos trabalhos) e limitar o número de participantes de acordo com a capacidade da sala disponível para as reuniões.


Sendo um evento pensado para reunir mágicos espanhóis, foi igualmente aberto à participação de mágicos portugueses. Nesta primeira edição estive presente acompanhado pelo HELDER e pelo RICARDO.


UM SETEMBRO MUITO MÁGICO

Entre 10 e 13 de Setembro estive presente no Congreso Mágico Nacional de Espanha que se realizou em Málaga. Foi o primeiro congresso espanhol a que assisti e foi também o primeiro evento mágico fora de Portugal em que o HELDER viu o seu trabalho ser reconhecido. Concorreu na modalidade de Cartomagia e obteve uma "Mencion Honorífica" como dizem "nuestros hermanos". 

Entre os eventos programados destaco as conferências e as actuações de close-up de JOHN CARNEY, ROBERTO GIOBBI e MIGUEL APARÍCIO. Nas actuações de palco o meu destaque vai para VIKTOR VOITKO, JUNGE-JUNGE e PETER MARVEY.

Viria a ter oportunidade de rever estes dois últimos artistas, passadas duas semanas, no MAGICVALONGO. Deste evento também relembro a actuação, no Concurso de Mesa, do MICHAEL em que o prato principal foram... os amendoins! Acho que, durante mais de quinze dias, o HELDER ainda tinha o gosto das cascas de amendoim na boca... É no que dá ser escolhido como "espectador voluntário" e não querer estragar o truque ao amigo mágico.

Por último registo que foi neste ano que "descobri" a magia de SIMON ARONSON, fruto da aquisição dos livros Bound to Please, Simply Simon e The Aronson Aproach.


UM EPISÓDIO CURIOSO

Em 10 de Novembro, o JN deu o destaque que a imagem reproduzida documenta ao facto de CHARLES BROOK ter arrebatado o prestigiado "Trophy John Hart" com que o famoso "Magic Circle" contempla o melhor entre os melhores nesta competição (sic). Ora a notícia transmitiu uma versão errada da situação pois o prémio obtido por CHARLES BROOK não foi numa competição do "famoso Magic Circle", mas sim dum clube mágico muito menos famoso: o Home Counties Magical Society. E o facto do presidente do Magic Circle, Michael Bailey, ter estado presente no evento e ter sido convidado a entregar o prémio não deveria ser usado para misturar alhos com bugalhos. O que é mesmo lamentável é que CHARLES BROOK não tenha aproveitado a reunião do CIF em que este assunto foi abordado para repor a verdade dos factos, alimentando, portanto, a mentira de ter obtido um prémio do Magic Circle

Este assunto proporcionou-me um reflexão da qual resultou um texto que foi publicado na revista MAGIA (CIF) de Janeiro/Junho 1999 e que está reproduzido aqui.

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : O encontro La Barranca.
Nota de sinal + : O primeiro reconhecimento do HELDER "fora de portas".
Nota de sinal - : A Jornada Mágica do CMP.
Nota de sinal - : O alimentar da mentira no seio de um clube mágico.

domingo, 10 de julho de 2022

1997 - ANO VINTE E CINCO (Parte 2)

 

25 ANOS MAGICANDO...

Este foi o nome o opúsculo que publiquei com objectivo de marcar os meus vinte e cinco anos de ligação ao Ilusionismo. Tal publicação aconteceu em 8 de Maio  data em que a programação semanal do CIF se intitulou "Uma noite para... JOMAGUY". Na época era um tipo de programação habitual nas quintas-feiras do CIF, em que um elemento da velha guarda era convidado a estar presente e partilhar algumas memórias da respectiva vida mágica.

Aproveitei essa programação, para comemorar a efeméride, distribuindo, aos presentes tal opúsculo, bem como uma fatia de bolo e uma taça de espumante (taça magicamente convertida em copo plástico, claro!).

É um dos momentos dessa comemoração que a fotografia documenta, onde se pode ver, em primeiro plano, JOFERK que foi uma referência determinante nos meus primeiros vinte e cinco anos de Ilusionismo.


A FISM EM DRESDEN

Depois de ter estado ausente da FISM realizada em 1994 no Japão, a expectativa para ver Magia ao mais alto nível era, naturalmente, muito elevada. Por isso os últimos dias antes da partida "demoraram uma eternidade" a passar, sentimento que era partilhado pelo HELDER que iria assistir à sua primeira FISM (Nota: aquela história de ter assistido à FISM de Lausanne em 1982 no ventre materno foi mesmo só para fazer piada).

A esta FISM também fui investido no papel de representante oficial do CIF e, logo à chegada, tive o dissabor de verificar que não aparecia a minha documentação, apesar da minha inscrição estar registada no respectivo sistema informático. Até que ela aparecesse, passou cerca de uma hora, tempo que teria sido muito melhor aproveitado a assistir a alguma das conferências que já decorriam.

Sobre esta FISM escrevi uma detalhada reportagem de 13 páginas que saiu na edição de Setembro / Outubro de 1997 da revista MAGIA do CIF (Nota: desde o início de 1997 o CIF tinha retomado a publicação bimestral da sua revista MAGIA em substituição da publicação mensal do boletim informativo A FOLHA MÁGICA). Irei, neste post, referir os pontos mais importantes dessa reportagem.

Nas Galas de Palco destaco CLEMENS VALENTINO, CHAPEAU, TOM VOSS, TOMMY WONDER, JORGOS, MAKHA TENDO, JOHNNY LONN, OMAR PASHA, NATHAN BURTON, CHRISTOPHER HART e PIERRE BRAHMA.

Na Gala de Close-up todos os intervenientes merecem o meu destaque. Foram eles JOHN CARNEY, RAMBLAR, TIM ELLIS, EUGENE BURGER, PAUL GERTNER, PIT HARTLING e DAVID WILLIAMSON. A apresentação esteve a cargo de ALI BONGO e isso também contribuiu para eu considerar esta a melhor de todas as galas desta FISM. DAVID WILLIAMSON foi o artista que fechou a Gala e fê-lo com uma dose reforçada "daquela loucura" com que nos havia habituado em anteriores congressos. Seguidamente reproduzo o que escrevi sobre tal actuação na supracitada reportagem.

  • David Williamson - Fechou a gala. Este artista (crazy, crazy, crazy) já atingiu um estatuto entre os mágicos que lhe permite fazer (quase...) tudo e obter sucesso sem (quase...) fazer magia. Foi o caso dessa noite em que só apresentou um efeito (o qual, inclusivé, falhou na 1ª tentativa): a carta vista pelo espectador desaparece e é vomitada (?!?!?!) pelo ilusionista. No entanto este efeito demorou, seguramente, mais do que vinte minutos a apresentar dado que a escolha duma espectadora que só entendia alemão (língua que Williamson não fala) obrigou à obtenção da apropriada tradução: eu traduzi de inglês para português e vice-versa, o Joy traduziu entre português e francês e um terceiro congressista traduziu entre francês e alemão. A situação tornou-se fortemente hilariante dada a capacidade histriónica do actuante para seguir as nossas traduções sucessivas. Como final David Williamson anunciou que iria realizar autênticos efeitos de close-up, os quais, portanto teriam que ser seguidos através do ecrã gigante. Por isso chamou o cameraman para filmar a mesa em plano picado e começou a executar um chink-a-chink de moedas. Após alguns passes levantou-se para ir buscar uma Coca Cola... e, no ecrã gigante, a actuação continuou!... Tratava-se de uma gravação antecipada, a qual, inclusivamente, integrava ostensivos truques de filmagem numa crítica óbvia aos artistas que utilizam tais métodos nos seus programas de TV.

Também houve uma Mini-gala "Especial Close-up" onde se destacaram JUAN TAMARIZ (que também a apresentou) e LISA MENNA.

No que se refere as conferências, a FISM de DRESDEN proporcionou excelentes e variadas possibilidades. A conferência histórica sobre HOFZINSER de MAGIC CHRISTIAN e a conferência sobre "magia de rua" de CELLINI foram dois bons exemplos dessa variedade. Além destas, também pude assistir às conferências de RAMBLAR, DAVID WILLIAMSON, EUGENE BURGER, PAUL GERTNER, FERTIGE FINGER, HIRO SAKAI, TOMMY WONDER e PAVEL. Resumindo e concluindo: consegui assistir a metade das vinte conferências programadas e todas me agradaram.

Nos concursos de palco destaco os premiados JUNGE JUNGE, SONNY FONTANA, RICHARD McDOUGALL, JULIANA CHEN e, naturalmente, o vencedor do Grand Prix, IVAN NECHEPORENKO (cuja rotina pode ser vista aqui). Nos concursos de mesa merecem destaque os premiados BORIS WILD, JORG ALEXANDER, THOMAS MEIER, SIMO AALTO e MANUEL MUERTE.

Nos concursos estiveram presentes dois portugueses: SERIP (em Invenção) e SALGUERY (em Magia Geral). SERIP esteve mal, pois as salsichas incendiaram-se e o bombeiro de serviço teve que entrar em palco e despejar o conteúdo de um extintor no interior do aparato em chamas. SALGUERY esteve bem, mas uma rotina de rolas para se destacar num concurso FISM tem que ter algo mais do que a mera perfeição técnica.

Por fim uma referência para LUÍS DE MATOS que foi artista convidado numa das Galas de Palco. A sua prestação ficou afectada pelo percalço dum "lenço voador"... que se recusou a voar.

Nesta FISM a presença portuguesa foi bastante notada durante todo o congresso, fruto da atitude activa de todos mágicos portugueses na promoção da candidatura da API à organização da FISM 2000 em Lisboa.  E como a candidatura saiu vencedora, tivemos a oportunidade de ver o auditório do Kulturpalast repleto de bandeirinhas portuguesas a serem agitadas, enquanto o testemunho de Presidente da FISM era passado para HORCAR.

Infelizmente, HORCAR não iria cumprir este mandato, pois, em 4 de Dezembro, faleceu de forma totalmente inesperada. Por comparação com o sucedido após a morte do PROF. SITTA, temeu-se que Portugal fosse perder a organização da FISM 2000. Felizmente MARQUES VIDAL conseguiu tomar as rédeas do projecto e levar a bom porto tal organização.

E o mês de Dezembro voltaria a causar o luto na comunidade mágica portuguesa, pois, no dia 15, ocorreu o falecimento de SAIUR, um nome incontornável na dignificação do Ilusionismo como Arte, sendo preponderante a sua acção no associativismo mágico lisboeta.

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : A FISM de Dresden.
Nota de sinal + : A atribuição da organização da FISM 2000 à API.
Nota de sinal + : Os meus "25 anos magicando..."
Nota de sinal + : O "anti-vedetismo" de DAVID WILLIAMSON.
Nota de sinal - : O falecimento de ARTURO DE ASCANIO.
Nota de sinal - : O falecimento de HORCAR.
Nota de sinal - : O falecimento de SAIUR.

sábado, 9 de julho de 2022

1997 - ANO VINTE E CINCO (Parte 1)

 


DESERTO E COMPANHIA

Nas comemoração a S. João Bosco do CIF, actuei na Gala de Close-Up e na Gala de Palco. Nesta, além de ter o papel de apresentador da mesma, encarnei uma personagem (RUIZ DE CACOS) num sketch humorístico que teve como contexto uma hipotética ligação televisiva directa aos "Estúdios da Virgem do Monte" e ao programa que o mágico RUIZ DE CACOS aí estava a gravar. Em tal programa não faltou a presença de uma figura pública convidada (LUÍS MANUEL TROUXA encarnado por MANOLO), a quem o mágico cortou a gravata. 

Tal como no final do mesmo eu referi, este sketch só foi possível ser realizado devido à existência de um mágico muito conhecido do grande público (LUÍS DE MATOS), pois, até então, este género de charge a uma figura pública, só era possível realizar mimando situações relativas a figuras pública de outras áreas artísticas.

Foi o "sucesso" desta apresentação que nos levou (a mim e ao MANOLO) a desenvolver o conceito e a criar a rotina do grupo DESERTO E COMPANHIA. Com tal rotina concorremos, em Magia de Palco, no Estorilmágico Carcais 97 e obtivemos o 3º Prémio. A opinião corrente foi de que merecíamos o 2º Prémio, mas o jovem inglês que o obteve era aluno de RON MacMILLAN, que integrava o júri.

Embora estivesse nesse evento (realizado no início de Novembro) com a preocupação de concorrer em palco (com uma rotina que envolvia a coordenação de oito pessoas), ainda consegui desfrutar de bons momentos como espectador com as actuações, em palco, de PETER MARVEY, JUNGE JUNGE, DANI LARY e LUÍS BOYANO. Na Gala de Close-up, em que também actuou o HELDER, destaco as intervenções de EUGENE BURGER e JUAN TAMARIZ. As conferências foram todas interessantes, mas DARWIN ORTIZ deixou-me com um sabor agridoce, pois nem sempre conseguiu pôr em boa prática as excelentes noções teóricas que transmitiu.



O MÁGICO, ENCONTROS DE SINTRA e "BRAVO, BRAVÍSSIMO"

Em Março deste ano terminou a minha colaboração regular na revista "O Mágico". Tal ficou a dever-se à demissão do respectivo Conselho Editorial, conforme expressei no artigo "Em jeito de despedida". Os mágicos portugueses que possuem (ou que leram) a colecção completa de tal revista podem achar estranho que, tendo eu sido colaborador da mesma, nunca tenha havido a inclusão, na revista, de um "DOSSIER JOMAGUY". Tal aconteceu por minha expressa vontade, pois declinei o convite que, para tal, me foi enviado pelo MAIK MAGIC através de carta datada de 13 de Novembro de 1997.

Entre 4 e 6 de Abril, participei nos Encontros Mágicos de Sintra, no qual o tema Wild Card foi rei e senhor. Isso e a polivalência de "um gajo que eu cá sei" a reorganizar mesas em restaurantes. Após o regresso a casa tomei conhecimento de uma coincidência pouco feliz. O último dia dos Encontros de Sintra deste ano também tinha sido o último dia de vida de ARTURO DE ASCANIO, que havia falecido na sua casa de Madrid com cartas de jogar na mão, enquanto demonstrava, a amigos, algunos de sus juegos. Sobre este assunto escrevi um artigo na revista MAGIA (CIF) de Março/Abril 1997, o qual está reproduzido aqui.

Também foi em Abril que HELDER participou no programa televisivo "Bravo, Bravíssimo".


CONVENÇÃO API - 97

Decorreu entre 18 e 20  de Abril e nela destaco, nas galas, as prestações de JAY SCOTT BERRY, VLADIMIR DANILIN, CLEMENS VALENTINO e PIERRE EDERNAC. A conferência de JAY SCOTT BERRY, sendo muito interessante em si mesma, teve o senão de ser, praticamente, a repetição da conferência que, dois meses antes, apresentara no CIF. Por seu turno a conferência de PIERRE EDERNAC pareceu-me desorganizada. Há, no entanto, que destacar a conferência de TONY KLAUF que complementou a a exposição existente e apresentou a monografia "Bibliografia Portuguesa de Ilusionismo até ao séc. XIX".



O TRUQUE DO CARRO CORTADO AO MEIO

Foi em Junho que RICARDO PEREIRA realizou com sucesso o grande truque da sua vida: escapar incólume de um acidente de viação que mereceu destaque na capa da edição do JN de 15 de Junho de 1997.


MAGICVALONGO

Neste evento, destaco as conferências de PEDRO LACERDA, CAMILO VASQUEZ e MARKO. Aliás MARKO foi uma excelente surpresa enquanto actuante, pois, apresentando truques clássicos bastante conhecidos conseguiu dar aquela volta que os tornou "novidades" muito interessantes. Também relembro a actuação de ZONGO (um mágico espanhol da "velha guarda") e as suas "bandas afegãs".

Amanhã haverá novo post, no qual lembrarei a FISM de Dresden e não só.


O "VEDETISMO" DE UM ARTISTA VERSUS A "SIMPLICIDADE" DE OUTRO

Sob o título "ILUSÕES, MAIS TARDE" foram integradas no PO.N.T.I. (Porto Natal Teatro Internacional) quatro espectáculos mágicos, com artistas estrangeiros que foram "trazidos" até ao Porto por LUÍS DE MATOS. Lembro-me concretamente da presença de DAVID WILLIAMSON no espectáculo que decorreu, em 13 de Dezembro, no Café Concerto do Teatro Rivoli. No final do mesmo, DAVID WILLIAMSON foi até à mesa onde eu estava com o MANOLO e o HELDER e estivemos a conversar durante um bom bocado. Ora, como os bastidores do Café Concerto do Teatro Rivoli não tinham saída directa para o exterior, o LUÍS DE MATOS ficou retido, durante todo esse tempo, no backstage por, nitidamente, não querer juntar-se à "plebe mágica portuguesa" presente. Foi hilariante!


sábado, 2 de julho de 2022

1996 - ANO VINTE E QUATRO


FESTIVAL DE S. JOÃO BOSCO E COLABORAÇÕES LITERÁRIAS

Magicamente o ano começou, para mim, no Festival S. João Bosco, promovido pelo CIF, durante o qual, recebi o troféu MÁGICO DO ANO 1995 na categoria "Close-Up" conforme pode ser lido aqui. Infelizmente tal evento mágico foi palco de um acontecimento trágico: o falecimento de HORTINY, nos bastidores do palco, poucos momentos após o fim da Gala de Palco. Em 2021, quando se completaram 25 anos sobre o infausto acontecimento, publiquei um texto para o lembrar, o qual pode ser lido aqui.

Em Fevereiro foi eleita a nova Direcção do CIF, da qual eu fazia parte como Vice-Presidente, e o meu envolvimento na publicação da FOLHA MÁGICA recrudesceu, com a produção de conteúdos diversificados e a reformulação do respectivo aspecto gráfico. No que respeita a conteúdos diversificados procurei, aqui e ali, introduzir alguma dose de humor através da publicação de NOTÍCIAS OFF-RECORD.

A minha colaboração literária para a revista O MÁGICO continuou durante o ano e, além da secção TEMAS DE CLOSE-UP, elaborei outros conteúdos. Entre eles quero relembrar o artigo, publicado na respectiva edição de Junho, intitulado "Um Achado Bibliográfico - THESOVRO DE PRVDENTES de Gaspar Cardozo de Sequeira", onde era revelada a existência de um livro de um autor português, publicado em Portugal em 1612, que descreve truques que se pensava terem sido descritos pela primeira vez largas dezenas de anos mais tarde. A descoberta deste livro foi fruto da pesquisa empenhada de TONY KLAUF.


LISBOA É MÁGICA

No início de Junho tivemos a CONVENÇÃO API, a qual adoptou o slogan "LISBOA É MÁGICA". Esta convenção, que se realizou no Teatro Taborda, teve como ponto alto uma Gala de Close-up de Homenagem a ARTURO DE ASCANIO, a qual teve um conjunto de intérpretes ligados a ASCANIO por fortes laços de amizade e grandes doses de aprendizagem dos conceitos mágicos do Mestre. Portanto, além do próprio ASCANIO, actuaram: PEDRO LACERDA, ROBERTO GIOBBI, AURELIO PAVIATO, CARLOS VAQUERA e BERNARD BILIS. Foi, naturalmente, uma gala insuperável!

Na Gala de Palco destaco as presenças de NICHOLAS NIGHT & KINGA, JEFF McBRIDE e LUNA SHIMADA e todas as conferências (BERNARD BILIS, CARLOS VAQUERA, NICHOLAS NIGHT, JEFF McBRIDE e ASCANIO) foram de elevado nível e interesse. Foi durante esta convenção que a API entregou ao Secretário Geral da FISM o dossier da candidatura de Lisboa à organização do CONGRESSO MUNDIAL DE MAGIA FISM 2000. 


MAGICVALONGO

Em finais de Setembro realizou-se a quinta edição do MAGICVALONGO. Participei como concorrente em Magia de Mesa e obtive o 2º lugar. Entre os convidados destaco os estrangeiros PATRICK PAGE e ALI BONGO que proporcionaram excelentes actuações e conferências.Também merece referência o argentino MAD MARTIN, especialmente, pela respectiva actuação na Gala de Close-up. Entre os convidados portugueses esteve JOFERK que parecia querer mudar de "imagem" ao apresentar-se como COIMBRA'S.


Enquanto decorria o MAGICVALONGO, soube do falecimento do Prof. Armindo de Matos, que fora um dos fundadores do CIF e da firma Magiarte.


ESTORILMÁGICO - CASCAIS 96

Na sua segunda edição, este Festival Internacional de Magia não desmereceu todos os elogios feitos à primeira edição e apresentou excelentes convidados em palco (JULIANA CHEN, BERTRAN LOTTH, AMOS LEVKOVITCH, STEVE SHERATON e JUAN MAYORAL) e em mesa (CAMILO VASQUEZ; MICHAEL WEBER e JOHN CARNEY). No conjunto das seis conferências programadas destacaria a dos três últimos mágicos referidos e a de JUAN MAYORAL.

Participei neste evento como concorrente, não tendo obtido prémio. O HELDER também participou como concorrente em Magia Juvenil e foi classificado em 2º lugar (O primeiro classificado foi JORGE SANCHEZ, agora mais conhecido como JORGE BLASS).

DIVERSOS

Mais uma vez realizei diversas actuações a bordo do navio FUNCHAL, integrado no respectivo staff de animação.

Adquiri os livros THE BOOKS OF WONDER, uma verdadeira jóia da literatura mágica, na qual TOMMY WONDER reuniu toda a sua maneira de pensar a Magia. São livros imprescindíveis na formação de qualquer mágico.

DOMINGO EM CHEIO foi o título de um programa transmitido na RTP ao domingo à noite com apresentação de Luís de Matos. Não foi um programa de Magia, mas sim um programa de entrevistas. Na noite de 16 de Junho o entrevistado foi Júlio Isidro. A propósito de tal escolha de convidado escrevi em "A FOLHA MÁGICA" (CIF) de Julho de 1996 um texto que está reproduzido aqui.

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : O ESTORILMÁGICO - CASCAIS 96
Nota de sinal + : A CONVENÇÃO API 96
Nota de sinal - : O falecimento de HORTINY.
Nota de sinal - : O falecimento do Prof. Armindo de Matos.