domingo, 10 de julho de 2022

1997 - ANO VINTE E CINCO (Parte 2)

 

25 ANOS MAGICANDO...

Este foi o nome o opúsculo que publiquei com objectivo de marcar os meus vinte e cinco anos de ligação ao Ilusionismo. Tal publicação aconteceu em 8 de Maio  data em que a programação semanal do CIF se intitulou "Uma noite para... JOMAGUY". Na época era um tipo de programação habitual nas quintas-feiras do CIF, em que um elemento da velha guarda era convidado a estar presente e partilhar algumas memórias da respectiva vida mágica.

Aproveitei essa programação, para comemorar a efeméride, distribuindo, aos presentes tal opúsculo, bem como uma fatia de bolo e uma taça de espumante (taça magicamente convertida em copo plástico, claro!).

É um dos momentos dessa comemoração que a fotografia documenta, onde se pode ver, em primeiro plano, JOFERK que foi uma referência determinante nos meus primeiros vinte e cinco anos de Ilusionismo.


A FISM EM DRESDEN

Depois de ter estado ausente da FISM realizada em 1994 no Japão, a expectativa para ver Magia ao mais alto nível era, naturalmente, muito elevada. Por isso os últimos dias antes da partida "demoraram uma eternidade" a passar, sentimento que era partilhado pelo HELDER que iria assistir à sua primeira FISM (Nota: aquela história de ter assistido à FISM de Lausanne em 1982 no ventre materno foi mesmo só para fazer piada).

A esta FISM também fui investido no papel de representante oficial do CIF e, logo à chegada, tive o dissabor de verificar que não aparecia a minha documentação, apesar da minha inscrição estar registada no respectivo sistema informático. Até que ela aparecesse, passou cerca de uma hora, tempo que teria sido muito melhor aproveitado a assistir a alguma das conferências que já decorriam.

Sobre esta FISM escrevi uma detalhada reportagem de 13 páginas que saiu na edição de Setembro / Outubro de 1997 da revista MAGIA do CIF (Nota: desde o início de 1997 o CIF tinha retomado a publicação bimestral da sua revista MAGIA em substituição da publicação mensal do boletim informativo A FOLHA MÁGICA). Irei, neste post, referir os pontos mais importantes dessa reportagem.

Nas Galas de Palco destaco CLEMENS VALENTINO, CHAPEAU, TOM VOSS, TOMMY WONDER, JORGOS, MAKHA TENDO, JOHNNY LONN, OMAR PASHA, NATHAN BURTON, CHRISTOPHER HART e PIERRE BRAHMA.

Na Gala de Close-up todos os intervenientes merecem o meu destaque. Foram eles JOHN CARNEY, RAMBLAR, TIM ELLIS, EUGENE BURGER, PAUL GERTNER, PIT HARTLING e DAVID WILLIAMSON. A apresentação esteve a cargo de ALI BONGO e isso também contribuiu para eu considerar esta a melhor de todas as galas desta FISM. DAVID WILLIAMSON foi o artista que fechou a Gala e fê-lo com uma dose reforçada "daquela loucura" com que nos havia habituado em anteriores congressos. Seguidamente reproduzo o que escrevi sobre tal actuação na supracitada reportagem.

  • David Williamson - Fechou a gala. Este artista (crazy, crazy, crazy) já atingiu um estatuto entre os mágicos que lhe permite fazer (quase...) tudo e obter sucesso sem (quase...) fazer magia. Foi o caso dessa noite em que só apresentou um efeito (o qual, inclusivé, falhou na 1ª tentativa): a carta vista pelo espectador desaparece e é vomitada (?!?!?!) pelo ilusionista. No entanto este efeito demorou, seguramente, mais do que vinte minutos a apresentar dado que a escolha duma espectadora que só entendia alemão (língua que Williamson não fala) obrigou à obtenção da apropriada tradução: eu traduzi de inglês para português e vice-versa, o Joy traduziu entre português e francês e um terceiro congressista traduziu entre francês e alemão. A situação tornou-se fortemente hilariante dada a capacidade histriónica do actuante para seguir as nossas traduções sucessivas. Como final David Williamson anunciou que iria realizar autênticos efeitos de close-up, os quais, portanto teriam que ser seguidos através do ecrã gigante. Por isso chamou o cameraman para filmar a mesa em plano picado e começou a executar um chink-a-chink de moedas. Após alguns passes levantou-se para ir buscar uma Coca Cola... e, no ecrã gigante, a actuação continuou!... Tratava-se de uma gravação antecipada, a qual, inclusivamente, integrava ostensivos truques de filmagem numa crítica óbvia aos artistas que utilizam tais métodos nos seus programas de TV.

Também houve uma Mini-gala "Especial Close-up" onde se destacaram JUAN TAMARIZ (que também a apresentou) e LISA MENNA.

No que se refere as conferências, a FISM de DRESDEN proporcionou excelentes e variadas possibilidades. A conferência histórica sobre HOFZINSER de MAGIC CHRISTIAN e a conferência sobre "magia de rua" de CELLINI foram dois bons exemplos dessa variedade. Além destas, também pude assistir às conferências de RAMBLAR, DAVID WILLIAMSON, EUGENE BURGER, PAUL GERTNER, FERTIGE FINGER, HIRO SAKAI, TOMMY WONDER e PAVEL. Resumindo e concluindo: consegui assistir a metade das vinte conferências programadas e todas me agradaram.

Nos concursos de palco destaco os premiados JUNGE JUNGE, SONNY FONTANA, RICHARD McDOUGALL, JULIANA CHEN e, naturalmente, o vencedor do Grand Prix, IVAN NECHEPORENKO (cuja rotina pode ser vista aqui). Nos concursos de mesa merecem destaque os premiados BORIS WILD, JORG ALEXANDER, THOMAS MEIER, SIMO AALTO e MANUEL MUERTE.

Nos concursos estiveram presentes dois portugueses: SERIP (em Invenção) e SALGUERY (em Magia Geral). SERIP esteve mal, pois as salsichas incendiaram-se e o bombeiro de serviço teve que entrar em palco e despejar o conteúdo de um extintor no interior do aparato em chamas. SALGUERY esteve bem, mas uma rotina de rolas para se destacar num concurso FISM tem que ter algo mais do que a mera perfeição técnica.

Por fim uma referência para LUÍS DE MATOS que foi artista convidado numa das Galas de Palco. A sua prestação ficou afectada pelo percalço dum "lenço voador"... que se recusou a voar.

Nesta FISM a presença portuguesa foi bastante notada durante todo o congresso, fruto da atitude activa de todos mágicos portugueses na promoção da candidatura da API à organização da FISM 2000 em Lisboa.  E como a candidatura saiu vencedora, tivemos a oportunidade de ver o auditório do Kulturpalast repleto de bandeirinhas portuguesas a serem agitadas, enquanto o testemunho de Presidente da FISM era passado para HORCAR.

Infelizmente, HORCAR não iria cumprir este mandato, pois, em 4 de Dezembro, faleceu de forma totalmente inesperada. Por comparação com o sucedido após a morte do PROF. SITTA, temeu-se que Portugal fosse perder a organização da FISM 2000. Felizmente MARQUES VIDAL conseguiu tomar as rédeas do projecto e levar a bom porto tal organização.

E o mês de Dezembro voltaria a causar o luto na comunidade mágica portuguesa, pois, no dia 15, ocorreu o falecimento de SAIUR, um nome incontornável na dignificação do Ilusionismo como Arte, sendo preponderante a sua acção no associativismo mágico lisboeta.

NOTAS DE RODAPÉ

Nota de sinal + : A FISM de Dresden.
Nota de sinal + : A atribuição da organização da FISM 2000 à API.
Nota de sinal + : Os meus "25 anos magicando..."
Nota de sinal + : O "anti-vedetismo" de DAVID WILLIAMSON.
Nota de sinal - : O falecimento de ARTURO DE ASCANIO.
Nota de sinal - : O falecimento de HORCAR.
Nota de sinal - : O falecimento de SAIUR.

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